Johnson & Johnson cancela produção de talco para bebês após processos alegarem que produto causa cancêr

A Johnson & Johnson disse que interromperá a produção de talco para bebês em 2023, pois enfrenta quase 40 mil acusações legais de que o produto fez seus usuários adoecerem de câncer.

A empresa farmacêutica americana disse na quinta-feira (11) que decidiu fazer a transição para um pó para bebês à base de amido de milho, que já lançou nos mercados dos Estados Unidos e do Canadá.

A J&J disse que sua posição sobre a segurança do produto à base de talco –que é vendido há mais de um século e está intimamente associado à marca J&J– permanece inalterada.

“Estamos firmemente apoiados em décadas de análises científicas independentes por especialistas médicos de todo o mundo que confirmam que o pó para bebês Johnson’s à base de talco é seguro, não contém amianto e não causa câncer”, afirmou a empresa em comunicado. Ainda de acordo com a J&J, essa transição ajudará a simplificar as ofertas de produtos, a fornecer inovação sustentável e a atender às necessidades dos clientes.

​A companhia parou de vender o produto à base de talco nos Estados Unidos e no Canadá em 2020, citando queda das vendas.

No entanto, a decisão coincidiu com uma enxurrada de processos judiciais de pessoas que alegaram que o talco para bebês da J&J tinha sido contaminado com amianto e as levou a desenvolver câncer de ovário ou mesotelioma.

A J&J perdeu vários casos importantes, incluindo uma decisão no Missouri que concedeu US$ 4,7 bilhões de indenização a 22 mulheres que atribuíram o câncer de ovário ao amianto contido nesse talco. Em junho, a Suprema Corte se recusou a rever o caso, no qual as indenizações já tinham sido reduzidas para US$ 2,1 bilhões.

No ano passado, a J&J implantou uma polêmica estratégia de falência para ajudá-la a gerenciar os quase 40 mil casos conhecidos como “Texas two step”.

A manobra de falência utilizou leis do Texas favoráveis às empresas que permitiram que a J&J se dividisse em duas entidades separadas e cercasse todas as dívidas com o talco em uma subsidiária, que chamou de LTL. A LTL então entrou com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11, que suspendeu todas as reivindicações referentes ao talco.

Os requerentes iniciaram procedimentos legais na tentativa de eliminar a falência.

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