“É como se fosse atropelada”, diz mulher que acusa Robson Bambu de estupro

Uma vendedora de 25 anos que prefere não ter o nome publicado acusa o zagueiro do Corinthians Robson Bambu de tê-la estuprado enquanto ela dormia em um hotel na zona leste de São Paulo. A mulher, nesta reportagem será chamada de Marina, nome fictício.

Em fevereiro, Marina registrou um boletim de ocorrência contra o atleta e um amigo dele, Wellington Sobral, apelidado de Pezinho, com quem a mulher se envolveu e que teria, segundo ela, presenciado o momento do estupro. A reportagem teve acesso ao documento. A Polícia Civil de São Paulo já concluiu as investigações, mas o Ministério Público ainda não decidiu se apresenta denúncia contra o jogador ou se arquiva o inquérito. As defesas de Robson e de Wellington, o Pezinho, negam as acusações.

Marina conta que Pezinho a convidou para uma festa. Ela diz que conheceu Robson na festa e que o jogador se envolveu com uma amiga dela. Essas informações são confirmadas pelas defesas de ambos os acusados. Ainda segundo o relato de Marina, os quatro foram para um hotel em São Paulo, onde Marina e Pezinho ficaram em um quarto e o jogador com a amiga dela reservaram outra suíte. A jovem afirma ter ingerido no máximo “dois ou três copos de vodka” durante a noite, mas diz não se lembrar de nada a partir do momento em que deitou na cama com Pezinho.

“A única coisa de que me lembro foi ter me deitado com o Pezinho. A gente estava junto. Depois disso, não me lembro de mais nada. De repente, acordei e vi o Robson em cima de mim, completamente nu, com a mão dentro de mim”, afirma. “Eu também estava nua. Olhei para o lado e vi o Pezinho, assistindo a tudo”, diz.

Segundo Marina, ao presenciar o jogador tocando-a sem seu consentimento, ela pulou da cama e se vestiu rapidamente. Ela afirma ter saído do quarto em busca da amiga, que ainda dormia, e estava em outro andar do hotel. “O Robson veio atrás de mim e me levou até o quarto em que minha amiga estava. Ela abriu a porta para a gente sem entender o que estava acontecendo. Eu expliquei, e o Robson começou a discutir comigo, dizendo que eu tinha entendido errado, que ele e o Pezinho estavam só conversando. Disse que tem uma filha e não teria motivo para fazer aquilo”, conta.

Marina diz também fazer trabalhos para agências de modelo, e afirma ter perdido um ensaio fotográfico ao acordar atrasada naquele dia. As advogadas de defesa de Robson e Pezinho afirmam que foi esse o motivo pelo qual a jovem ficou com raiva e “quis se vingar dos dois”. A jovem afirma que Pezinho ofereceu dinheiro a ela para cobrir a perda financeira e que, depois do ocorrido, tentou algumas vezes marcar um encontro com ela “para resolver a questão”.

“Do hotel, fui para a minha casa. Enquanto tomava banho, caiu a ficha de que eu havia sido estuprada. Liguei para a minha amiga, mas ela demorou para ver o celular. Então, fui sozinha para a delegacia. Ela me encontrou lá horas depois”, relembra Marina, que chora ao relembrar o dia. “Em todo momento que passei na delegacia, duvidei de mim mesma. Mas não tive medo de denunciar”.

“A delegacia é fria, né? Um ambiente frio. Mas eu estava tão anestesiada que não sentia nada. Não senti fome, não senti sede, mesmo ficando o dia inteiro na delegacia e no hospital. Só senti dor no dia seguinte, depois de conseguir dormir. Era como se eu tivesse sido atropelada”

Após registrar o boletim de ocorrência, Marina foi encaminhada a um hospital para realizar exames de corpo de delito. No exame toxicológico, não foi apontada a presença de álcool, mas, sim, de canabidiol, substância presente na maconha. Ela diz ter fumado um vaporizador naquela noite, mas afirma não saber se tinha maconha nele.

O advogado de Marina, Luís Carlos Pileggi Costa, justifica a ausência de álcool no exame citando a idade da mulher e a quantidade de bebida ingerida por ela naquela noite: segundo ele, a substância é eliminada rapidamente quando ingerida em poucas quantidades, caso de Marina.

No exame de corpo de delito, foi apontada uma lesão no ânus da mulher.

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo