AINDA VALE A PENA? GNV tem deixado motoristas de aplicativo na mão

As medidas governamentais para baixar o preço dos combustíveis criaram um cenário inédito: pela primeira vez, motoristas de táxi e aplicativo que possuem o “kit gás” instalado no veículo optam por abastecer com etanol.

No estado de São Paulo, onde o preço médio do etanol e da gasolina estão em R$ 3,21 e R$ 4,70, respectivamente, o derivado da cana-de-açúcar é mais vantajoso. Mas, na avaliação dos motoristas profissionais entrevistados, abastecer com álcool também está valendo mais a pena do que utilizar o GNV, com preço médio de R$ 5,11, mesmo para quem já fez a conversão do veículo.

Cleane Andrade, motorista de aplicativo há cinco anos, instalou o “kit gás”, no valor de R$ 5 mil, há dois anos em seu Honda HR-V. Durante esse período, o GNV sempre se mostrou bem mais interessante em relação aos outros combustíveis. Mas o cenário mudou.

“Hoje não consigo mais abastecer com GNV, estou usando etanol. No entanto, mesmo com a redução de preço que o álcool teve, gasto mais com combustível hoje do que gastava há alguns meses atrás, quando o gás estava com um preço mais razoável”, avalia a motorista.

Apesar da decepção momentânea, ela afirma que não se arrepende de ter instalado o kit, pois ele se pagou em apenas seis meses. “Tenho esperança que tudo volte ao normal. Porque não sei se o preço do etanol vai se manter assim por muito tempo. Na atividade de motorista de aplicativo, temos que policiar nossos gastos, senão deixa de valer a pena.”

Outro motorista de aplicativo que atua na cidade de São Paulo é Genauro Araújo dos Santos. Ele conta que, em seis anos usando GNV, é a primeira vez que vê outro combustível ser mais vantajoso.

“Se eu tivesse colocado o kit há três meses, estaria tomando prejuízo, porque o investimento não se pagaria. Minha maior preocupação é como ficará a situação após as eleições, se o álcool voltar para o preço normal e o GNV não baixar, teremos um problema sério”, avalia.

Motorista de táxi há 15 anos, Fernando Alves já trabalhou com os três combustíveis, dependendo do carro utilizado. Mas, tendo o GNV instalado no veículo, é a primeira vez que usa outra opção. “Tem carros que rendem mais com gasolina, outros, com álcool ou gás. Uma coisa que aprendi é que a conta é individual. Precisamos colocar todos os gastos na ponta do lápis, incluindo itens de desgaste e manutenção.”

Fernando e Genauro lembram que, além do combustível em si, para rodar com GNV é preciso fazer uma manutenção preventiva do kit a cada 20 mil quilômetros rodados, que custa entre R$ 180 a R$ 250. O que, segundo os dois entrevistados, é feito, em média, quatro vezes ao ano por um motorista profissional.

“Por isso, além de contabilizar o que é gasto no posto, é preciso incluir o preço da revisão. Se não rodar com GNV, não precisa fazer manutenção”, lembra Genauro.

Como fazer a conta

Cada veículo tem um consumo específico de combustível, que varia de acordo com o produto usado (etanol, gasolina ou GNV), modo de condução do motorista e até com o percurso realizado – trajetos planos, por exemplo, gastam menos do que caminhos íngremes.

Via de regra, um carro é capaz de percorrer mais quilômetros com um metro cúbico de GNV, depois com um litro de gasolina e, por fim, com etanol. Para exemplificar, vamos imaginar um carro popular que percorra 10 km/l com gasolina, 7 km/l com etanol e 14 km/m³ com GNV.

Por isso, não basta olhar o preço do combustível, é importante fazer o cálculo de quanto se gasta para percorrer 100 quilômetros, por exemplo. Assim, chega-se à conclusão de qual combustível é mais vantajoso.

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