Assessores de Gabriel Monteiro revelam: ‘Ele fazia tudo com as garotas na nossa frente

Ao menos três ex-assessores de Gabriel Monteiro (PL) relataram que o vereador praticava sexo com menores de idade na presença de seus funcionários e pedia para que as adolescentes mostrassem os seios para eles. As declarações constam no relatório apresentado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio. O documento pede a cassação do mandato de Monteiro.

Então, ali, já teve ocasiões que a gente estava editando vídeo durante o expediente, e o Gabriel chega lá com uma garota e começa a transar com a garota na nossa frente, mandar ela alisar ele e coisas do tipo.”Ex-assessor de Gabriel Monteiro

Em outro trecho destacado pelo vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo que investiga Monteiro, o ex-assessor relata que o vereador já pediu para que adolescentes mostrassem os seios para funcionários.

“Algumas vezes a gente notava que as garotas estavam constrangidas, e a gente tentava ali contornar a situação, falar para o Gabriel parar, ou a gente mesmo sair da sala”, disse o ex-assessor.

Procurado, a assessoria de imprensa de Monteiro disse que só se manifestará quando analisar o relatório que pede a cassação dele.

Adolescentes com uniforme escolar, dizem ex-assessores

Esses trechos compõem a parte do relatório que investigou uma gravação em vídeo em que Monteiro e uma menor de idade estão em momento íntimo. Em depoimento ao conselho, o ex-assessor relata que Gabriel se referia a ela como “minha novinha” e “minha namoradinha”.

O Gabriel sabia, sim, que era ela menor de idade, que ele tinha a [menor que aparece no vídeo] como troféu. Se vangloriava por cada menor de idade que ele pegava, inclusive pela [menor], que ele tinha… Ele falava que ela era namoradinha dele, né? E a [menor] saía da escola, ela ia direto lá pra casa do Gabriel, fardada com… Quer dizer, com uniforme de escola, né?”Ex-assessor de Gabriel Monteiro

Um outro depoente corroborou a versão e contou que o vereador visitava a menina na porta da escola. De acordo com o relato, o colégio em que a adolescente estuda fica ao lado de um centro comercial, onde Monteiro fazia o cabelo e as unhas.

Em uma dessas visitas para procedimentos de beleza, Monteiro viu a adolescente com amigos de escola e falou: “Aquela lá é minha namorada”, de acordo com o ex-assessor.

Ainda de acordo com o relato, a adolescente até pediu desculpas, posteriormente, por não ter falado com ele na porta do colégio por receio de que os colegas descobrissem a relação dos dois.

Além da menina gravada em ato sexual, outras adolescentes frequentavam a casa de Monteiro, inclusive com uniforme escolar.

“O próprio Gabriel mostrava para a gente que as garotas eram bem novas. Inclusive tratava isso como um grande feito na vida dele, porque falava que a gente não conseguiria fazer aquilo ali nunca”, diz o rapaz, explicando que Monteiro demonstrava “ar de superioridade” ao falar das meninas.

Uma ex-assessora relatou que o vereador recebia alertas da equipe e de seus advogados sobre as relações com menores de idade: “Ele foi muito avisado”.

Bens declarados equivalem a só 3 meses de ganho com canal

Monteiro declarou à Justiça Eleitoral que possui cerca de R$ 428 mil em bens, incluindo carros e investimentos.

No entanto, o vereador afirmou ao Conselho de Ética que recebia R$ 150 mil mensais com seu canal no YouTube. Ou seja: todo o valor declarado por Monteiro corresponde a menos de três meses de ganhos na internet.

Do início de seu mandato até abril deste ano, quando o YouTube desmonetizou o canal do vereador —que tem 6,3 milhões de inscritos—, Monteiro arrecadou cerca de R$ 2,4 milhões, levando em conta os R$ 150 mil mensais relatados ao Conselho de Ética.

No entanto, os ganhos podem ter sido maiores. Ex-assessores de Monteiro relataram ao conselho que ele faturava o dobro com o canal no YouTube: R$ 300 mil por mês.

Relator vê ‘distorção do exercício do mandato’

Em resumo, as condutas de Gabriel Monteiro que ferem a ética, de acordo com Alencar, são:

  • Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
  • Exposição vexatória de crianças, por meio da divulgação de vídeos manipulados;
  • Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
  • Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
  • Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
  • Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
  • Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.

Alencar afirma, com base nas provas e testemunhas, que Monteiro usava seu mandato para obedecer a uma lógica própria, “dependente do tipo de atuação exibicionista e sensacionalista adotada por ele”.

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