ESPERANÇA: Vacina contra câncer de pâncreas avança em testes com humanos

Cientistas concluíram a primeira fase dos estudos clínicos para o desenvolvimento de uma vacina de mRNA (RNA mensageiro) da BioNTech contra o câncer de pâncreas. O caminho até o imunizante final é longo, mas os primeiros achados indicam que a equipe está na direção certa. A aposta é que o tratamento chegue ao mercado antes de 2030.

Publicada na revista científica Nature, a pesquisa, iniciada em 2019, envolveu 16 voluntários que enfrentavam um tipo bastante avançado de câncer no pâncreas e que já tinham realizado uma cirurgia para remoção do tumor. Dessa forma, foi investigada a capacidade do imunizante em evitar a reincidência da doença.

Vale apontar que, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer, atualizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), 11,8 mil brasileiros morreram em decorrência da doença no ano de 2020. Hoje, ainda faltam tratamentos eficazes para o combate desse tipo de tumor.

Qual é o efeito da vacina contra o câncer de pâncreas?

Liderada pelos pesquisadores e médicos do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK), a Fase 1 do estudo com humanos demonstrou que a vacina de mRNA provoca uma resposta imune eficaz e duradoura contra o câncer de pâncreas.

Em oito (50%) dos 16 pacientes recrutados, a vacina desencadeou a produção de células de defesa, como as células T específicas para o combate do tumor apresentado pelo indivíduo. “Esses resultados empolgantes indicam que podemos usar vacinas como terapia contra o câncer de pâncreas”, afirma Vinod Balachandran, do MSK, em comunicado. “As evidências apoiam nossa estratégia de adaptar cada vacina ao tumor do paciente”, acrescenta.

No momento, os pesquisadores ainda não sabem precisar o quão eficaz é a proteção induzida contra o câncer pela vacina e nem por quanto tempo ela manterá a pessoa protegida.

Como funciona a vacina de mRNA da BioNTech?

Antes de seguirmos, vale lembrar que a empresa de biotecnologia BioNTech é a mesma que colaborou com a farmacêutica Pfizer no desenvolvimento científico das vacinas contra a covid-19. Tanto a fórmula contra o câncer quanto a que age contra o vírus usam a tecnologia do mRNA, mas são inúmeras diferenças entre elas.

Por exemplo, a vacina contra o câncer é individualizada, ou seja, é feita especificamente para cada paciente. Após a retirada do câncer, os cientistas sequenciam as proteínas presentes nos tumores pancreáticos, os chamadas neoantígenos, e os usam como base para o composto. O imunizante carrega a “fórmula” desses antígenos, através do mRNA. No corpo, o material vai ensinar o sistema imunológico a atacar o alvo oncológico, sem comprometer as células saudáveis.

Agora, a equipe de pesquisadores começa a implementar a Fase 2 do estudo clínico, onde um grupo maior de voluntários será recrutado a partir de junho deste ano. Em paralelo, os cientistas planejam ampliar os testes para outros países, verificando como outras populações reagem ao tratamento.

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