Brasileiro é extraditado após cometer crimes inspirado no filme Lobo de Wall Street

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) extraditou de Portugal, na tarde de quinta-feira, 1º, o primeiro preso da Operação Lobo de Wall Street. Eduardo Omeltech Rodrigues, de 29 anos, é suspeito de integrar uma organização criminosa que aplicava golpes de falsos investimentos na bolsa de valores. A defesa nega as acusações.

Segundo a polícia informou, a primeira e segunda fases da operação, deflagradas pela 9ª DP, em março e junho de 2023, desarticularam a organização criminosa. Após investigação, a 9ª DP obteve, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília, ordens de prisão preventiva e determinação de cumprimento internacional via difusão vermelha da Interpol contra os suspeitos de praticarem o crime.

O nome da operação ‘Lobo de Wall Street’ faz referência ao filme que tem a mesma denominação e conta a história de Jordan Belfort, que é um ambicioso corretor da bolsa de valores que cria um verdadeiro império, enriquecendo de forma rápida, porém, ilegal. Um funcionário relatou à TV Globo que os líderes da empresa investigada se inspiraram na história.

De acordo com a Polícia Civil, como os suspeitos estavam sediados em Lisboa, Portugal, os mandados de prisão foram cumpridos naquele país. Desde então, os presos aguardavam os processos de extradição que correm em autos apartados e intermediados pelo Ministério da Justiça (DRCI).

O primeiro preso extraditado chegou ao Brasil na tarde desta quinta-feira, 1º, após desembarque de um voo Lisboa-Brasília. Os investigadores da 9ª DP, em cooperação com a Polícia Federal, recepcionaram o preso ainda no aeroporto. Ele foi conduzido à ala federal do complexo da Papuda e aguardará seu processo em prisão preventiva.

“A PCDF e a Lei brasileira demonstraram que tem capacidade técnica para alcançar mesmo aqueles que se achavam intocáveis por estarem aplicando os golpes fora do país. Depois de quase um ano de investigações e muito trabalho, tivemos hoje a satisfação de recepcionar um dos criminosos já na saída do avião. Não conseguimos recuperar todos os ativos desviados das milhares de vítimas espalhadas por todo o Brasil, mas que, pelo menos, elas possam ter um pouco de paz e a satisfação de que algo foi feito e os responsáveis não saíram ilesos”, disse o delegado Erick Sallum, da 9ª DP.

A operação o Lobo de Wall Street revelou uma organização criminosa que, sediada em Portugal, fazia vítimas no Brasil por meio do golpe dos falsos investimentos na bolsa de valores (Ghost-Brokers).

De acordo com as investigações, houve vítimas que chegaram a perder mais de R$ 1 milhão e tiveram suas vidas pessoais prejudicadas por conta de dívidas contraídas além da capacidade de pagamento. Ainda, segundo apurado pela 9ª DP, essas pessoas até hoje fazem tratamento psicológico pela profunda depressão.

Eduardo Maurício, advogado criminalista que representa Eduardo Omeltech, afirma que a extradição do seu cliente, que cumpria prisão preventiva, “foi executada tendo em vista não ter sido preenchido no caso em concreto os requisitos para a recusa de extradição previstos expressamente no Artigo 5, do Tratado de Extradição entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil , e nem os requisitos previstos expressamente na legislação portuguesa  da Lei n.º 144/99”.

O advogado de defesa afirma que está pleiteando em habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça do Brasil  para a revogação da prisão preventiva do cliente. “O acusado Eduardo Omeltech é presumido inocente na investigação em trâmite em Brasília, que sequer teve acusação/denuncia formal por parte do Ministério Público Federal”, diz Eduardo Maurício.

A defesa também alega que Eduardo Omeltech não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados e nenhum golpe ou fraude envolvendo transações internacionais com criptomoedas. “O acusado era apenas um prestador de serviços da empresa Pineal Marrketing – Unipessoal LDA (sediada em Lisboa), com atividade expressa, certa e determinada de serviços de consultoria, objeto de contrato formal celebrado de prestação de serviços, e que supostamente vem sendo alvo de perseguição e fishing expedition (pesca probatória), tendo o processo no Brasil diversas nulidades que serão provocadas em momento oportuno” afirmou o advogado.

Dicas de segurança

A PCDF alerta a população a ter muita cautela com possíveis golpes. “A epidemia de golpes está cada dia mais aguda e as pessoas precisam redobrar sua atenção”, disse a corporação.

Confira as dicas de segurança dos policiais civis:

  • Jamais acreditem em promessas de rentabilidades milagrosas.
  • Jamais se arrisquem em supostos investimentos ofertados por telefone e páginas na internet.
  • Com as novas tecnologias envolvendo inteligências artificiais, redobrem a cautela sempre que falarem por meios de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp e Telegram.
  • Depois que o dinheiro é entregue aos criminosos, a recuperação é sempre complicada.
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