‘CARRO COFRE’: traficantes inventam novo método para transportar drogas

A criminalidade sempre se reinventa para driblar as autoridades. Agora criaram mecanismos dentro dos carros para esconderem drogas, armas e outros itens de porte ilegal.

No vídeo que circula na internet, policiais encontram um macete complexo no interior de um carro. O agente mostra que, ao pressionar uma série de comandos no painel, buzina e interruptor dos vidros, desde que feito na sequência exata, o cluster salta para fora, exibindo um esconderijo preparado para qualquer tipo de transporte ilegal.

Os veículos equipados com esse tipo de artimanha recebem o nome de “carro cofre”, uma vez que os cofres, não só escondem objetos, mas normalmente contam com barreiras sofisticadas e seguras para que, só assim, possa ser aberto.

Como funciona?

Mesmo que cada botão no carro ainda tenha a função original preservada, ao que tudo indica, os criminosos instalaram relês que obedecem a uma certa sequência junto aos comandos, que funcionam a partir da elétrica do próprio veículo.

Engenheiro Diego Meira explica a lógica de funcionamento do esquema. Diz que, se o botão onde está o relê número 1 não for acionado, a energia não chegará ao relê 2 para que este possa funcionar, e assim por diante.

Assim, não adianta, por exemplo, pular todas as etapas e acionar apenas o último relê, este que, no caso, está colocado na buzina (ainda que ele seja o responsável pela abertura do ‘cofre’).

O que dizem as autoridades

Uma vez que já estão detidos, os criminosos até podem acabar entregando como funciona o esquema dentro do carro – algo que, no caso do vídeo, talvez tenha sido o caso. Entretanto, na maior parte das vezes, cabem aos policiais “se virarem” sozinhos.

É o que comentam os agentes entrevistados para essa reportagem: o comandante do Dise (que preferiu não identificar os oficiais que conversaram para a reportagem) e Gabriel Hartfiel, Delegado Supervisor do SIG da Delegacia Seccional de Diadema, que aceitou falar em nome da corporação que representa.

As autoridades explicam que, enquanto o Dise se depara mais com carros que pouco levantam suspeitas, o SIG lida mais com veículos como aqueles “só para rodar” e com mais irregularidades. A partir disso, listam truques utilizados por transportadores de drogas que mais se recordam.

  • Utilização de carros com a documentação em dia (que não levantam tantas suspeitas de início), mas registrados em nome de “laranjas” (que podem ou não saber que estão sendo usados para o crime);
  • Quando são casos envolvendo caminhões, os caminhoneiros costumam ser legítimos da profissão, mas aceitam executar o trabalho. Muitas vezes, usam as cargas regulares para esconderem as ilícitas;
  • O SIG já flagrou uma Fiat Toro de locadora com narcóticos. Quem estava dentro do carro não era a mesma pessoa que contratou o aluguel, ainda que, no fim das contas, foi descoberto que o cliente também era um dos envolvidos;
  • Outro caso do SIG foi uma Fiat Fiorino disfarçada de carro de operadora de telefonia móvel. Os criminosos se deram o trabalho de maquiar o carro com todas as plotagens oficiais, que foram instaladas da mesma forma que os carros da frota da empresa. No interior do veículo, foram encontradas, na ocasião, 20 pistolas e dois fuzis.
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