Cresce procura por veículos ‘velhinhos’, com mais de 13 anos de uso

Com mais dificuldade para financiar automóveis, motoristas recorrem aos veículos que cabem no bolso, e os modelos bem mais antigos se valorizam. Dados da Fenabrave mostram que o crescimento nas vendas de carros novos em todo o país (14,45%) foi maior entre julho e agosto do que o aumento nas vendas dos usados (10,99%). Apesar disso, a análise de agosto da Fenauto, com recorte específico para o Estado do Rio, mostra que a venda de usados e seminovos cresceu 6,6% entre julho e agosto.

A pesquisa apontou que, do total de veículos (automóvel, comercial leve e pesado, moto e outros), os considerados “velhinhos”, ou seja, com 13 anos ou mais de uso, foram os mais procurados no mês de agosto e os que apresentaram a maior taxa de crescimento: de julho para agosto, as vendas subiram 7,1%, mais do que os 6,6% dos seminovos, os 6,3% dos carros jovens (de 4 a 8 anos) e os 4,8% dos chamados “maduros” (de 9 a 12 anos de uso).

Leonardo Meirinho, presidente da Associação dos Comerciantes da Estrada Intendente Magalhães (Aceima), analisa que a busca por carros mais em conta sempre existiu. A diferença, agora, é a renda das famílias, que não acompanhou o aumento no valor dos veículos.

— As pessoas estão sendo forçadas a buscar carros mais antigos, porque é o que cabe no orçamento. O crédito ficou mais caro. Então, a pessoa não consegue comprar um carro de maior valor e acaba buscando um modelo que caiba na prestação que consegue pagar — diz.

Até R$ 25 mil: maior procura

Uma pesquisa do portal OLX também mostrou um cenário parecido: veículos de R$ 10 mil a 25 mil foram os mais procurados no site no segundo trimestre deste ano, quando 26% dos interessados deram preferência a essa faixa de preços, 1,5 ponto percentual a mais do que os três primeiros meses de 2022. Em seguida, aparecem os modelos entre R$ 25 mil e R$ 40 mil (19,5%). Depois, os de R$ 40 mil a R$ 55 mil.

Os números da plataforma também mostram que a procura tem sido maior por veículos de 10 a 13 anos (21,5%), seguido pelos de 7 a 9 anos (19%).

Mariana Wik Atique, economista da OLX Brasil, lembra que o mercado ainda não se recuperou totalmente dos impactos da pandemia, mas, aos poucos, a produção de veículos novos vem sendo retomada, ainda abaixo dos níveis pré-2020.

— Como reflexo da melhora de oferta de veículos novos, temos observado uma melhora nas vendas, ainda abaixo de antes da pandemia, mas em tendência de recuperação. Ainda temos algumas ressalvas, com um cenário de inflação acima da meta e de juros elevados, tanto em relação à Selic quanto à taxa do crédito para automóveis. Ainda temos que observar como será o movimento do setor nos próximos meses, mas é de se esperar que o consumo de usados ainda terá relevância — diz a economista.

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