DE OLHO NA PEGADINHA: Confira como reconhecer possíveis problemas em carros de repasse

Com o preço do carro zero-quilômetro nas alturas, o mercado de usados hoje é alternativa para quem precisa de automóvel e não tem, pelo menos, R$ 70 mil para gastar.

Como os valores cobrados por usados e seminovos também não andam lá muito convidativos, uma opção tentadora são os chamados carros de repasse.

  • Estamos falando de veículos de segunda mão, normalmente entregues na troca por outro mais novo em lojas e concessionárias
  • Como não são integrados ao estoque de seminovos, esses automóveis são “repassados” a preços abaixo do mercado a outros comerciantes
  • Posteriormente, são oferecidos ao consumidor, igualmente por valores atraentes, só que existe pelo menos um porém
  • São carros disponibilizados sem garantia
  • Negociação costuma ser feita entre pessoas físicas para driblar a exigência legal de cobertura ao comprador

Bruno Coyote, 34 anos, proprietário da Toy Consulting, diz vender de dez a 20 carros por mês a um público diversificado.

“Geralmente são lojas menores que compram, mas também temos uma pequena fatia de particulares buscando pagar um menor valor nos carros”, explica.

Segundo Coyote, outra vantagem do carro de repasse é já ter a desvalorização abatida, pois costuma sair praticamente pelo preço de custo.

São carros que dão boa margem de lucro, caso o objetivo seja adquiri-lo para posterior revenda a valor próximo do informado pela Tabela Fipe.

O que diz o CDC sobre a garantia

O artigo 18 do CDC (Código Brasileiro de Defesa do Consumidor) determina que “os fornecedores de produtos (…) respondem (…) pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor (…) podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas”.

O prazo para reclamação de defeito é de até 90 dias a partir da data da compra.

Além disso, caso o problema não seja sanado em 30 dias, o consumidor pode exigir a substituição por outro produto ou a “restituição imediata da quantia paga”.

Entretanto, isso vale apenas caso a compra tenha sido feita em uma empresa, como loja de veículos ou concessionária.

“Também pode haver algum tipo de manutenção a ser feita, o que diminui a margem do carro diante a tabela”, diz Coyote.

Venda via WhatsApp

A busca por carros de repasse pode acontecer em sites de anúncios, mas os comerciantes que trabalham com esse tipo de produto preferem negociar em aplicativos de mensagens.

“Geralmente, vendemos através de grupos de WhatsApp, onde a comunicação entre vendedor e comprador é mais rápida”, acrescenta o comerciante, que administra dois grupos com quase 400 pessoas.

Neles, onde só o administrador pode publicar, são anunciados carros que vão desde antigos até utilitários esportivos seminovos.

Os anúncios costumam ser bem sinceros sobre os defeitos dos carros, como peças a pintar, estado dos pneus e manutenções a ser feitas.

“Carro bem conservado, gasta três peças e dois pneus, ar gelando e bom de andar”, diz o anúncio de um Renault Sandero, por exemplo.

“Carro bonito, já teve retoques, gasta duas peças e preparação, laudo aprovado com apontamento”, revela o anúncio de um Hyundai HB20S com preço R$ 8.000 abaixo da tabela.

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