DIREITO À RECOMPENSA? Idoso devolve R$131 milhões que caíram por engano na sua conta e exige R$13 milhões
Como funciona o direito à recompensa?
Segundo a advogada Stephanie Christine de Almeida, do escritório Poliszezuk Advogados, o direito à recompensa estabelece que quem devolve um bem achado ao verdadeiro dono tem direito a uma recompensa de, no mínimo, 5% do valor do bem restituído. Esse valor busca compensar despesas e reconhecer o esforço da pessoa que realizou a devolução.
No caso do motorista Antônio Pereira do Nascimento, a Justiça pode avaliar diversos aspectos antes de conceder ou negar a recompensa. Alguns pontos que podem ser analisados são:
- Havia um compromisso prévio de recompensa? Se não houver uma promessa formal de pagamento, o banco pode não ter obrigação de recompensá-lo.
- A devolução do dinheiro justifica uma recompensa? A Justiça pode entender que o motorista apenas cumpriu um dever legal ao devolver a quantia recebida por engano.
- Há enriquecimento sem causa? O pedido de R$ 13 milhões pode ser considerado desproporcional, levando o juiz a avaliar se há um abuso de direito.
- O motorista sofreu danos morais? Será analisado se ele enfrentou algum prejuízo emocional significativo ou se o pedido de indenização busca apenas obter vantagem financeira.
“Se a Justiça reconhecer que houve um benefício ao banco sem contrapartida, pode ser concedida alguma recompensa. No entanto, dificilmente o valor pedido será aceito integralmente”, pondera a advogada.
Honestidade
Segundo foi apurado na época, o erro foi do próprio banco, que deveria fazer a transferência para outra instituição. Assim que recebeu a transferência, o dinheiro foi devolvido para o banco e o saldo da conta de Antônio voltou ao normal, contendo os R$ 227 que ele tinha antes de toda a confusão.
Mesmo sendo honesto, Antônio enfrentou diversos problemas, segundo ação inicial movida pela defesa do idoso. A defesa do motorista alega que ele sofreu pressão psicológica por parte do gerente da agência para que o dinheiro fosse devolvido, mesmo que isso tenha partido do próprio Antônio.