
ENTRE A CRUZ E A ESPADA: João Azevêdo perdeu o controle da base
A reunião desse sábado (8) na Granja Santana, residência oficial do governador, tinha um objetivo claro: aparar as arestas na base e mostrar unidade. Mas, na prática, o que se viu foi uma base fragmentada e cheia de ambições que escapam ao controle de João (PSB). O governador não consegue frear Adriano Galdino (Republicanos), que tem feito cobranças insistentes por uma candidatura ao Governo do Estado e por duas vagas na chapa majoritária para seu partido. O pedido, inclusive, foi reforçado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, o grande comandante do Republicanos na Paraíba. Há várias frentes sendo trabalhadas dentro da base, o que evidencia a perda de controle. Já dizia Sun Tzu em A Arte da Guerra: “Quando há inquietação entre os soldados, o general já perdeu sua autoridade”.
A partir do momento que Galdino e Motta colocaram suas cartas na mesa, Daniella Ribeiro (PSD) não perdeu tempo e também apresentou suas demandas. A família Ribeiro, que controla o PP e o PSD no estado, admitiu que a depender do cenário posto em 2026, também poderá querer duas vagas na chapa majoritária. E se João sair do governo para disputar o Senado, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), filho de Daniella, certamente vai concorrer à reeleição e ajudar com a máquina a mãe a manter sua cadeira no Senado por mais 8 anos.
No meio desse xadrez, um nome que aparece cada vez mais forte é o de Cícero Lucena (PP). O prefeito de João Pessoa foi o que estava com o sorriso mais largo ao final do encontro. Intensificando suas agendas pelo interior da Paraíba, Cícero quer viabilizar sua candidatura a governador. Ele teria ouvido na reunião que um dos critérios para a definição dos nomes seriam pesquisas de intenção de voto. Como prefeito da maior cidade da Paraíba e com uma série de ações planejadas para este ano e o início do próximo, ele deve surgir com força considerável nas pesquisas.
Enquanto isso, Deusdete Queiroga (PSB), o nome preferido de João, não esteve na reunião e parece cada vez mais distante das especulações. O governador está entre a cruz e a espada: se sair para o Senado, arrisca ver sua base se desagregar e se dividir em várias partes. Se ficar no governo até o fim, pode perder a chance de continuar sua carreira política disputando um mandato no Senado.
E, mesmo permanecendo, não há nenhuma garantia de que conseguirá manter o grupo unido.