ENTREVISTA ICÔNICA: Única sobrevivente, Lolila Rodrigues tem vida tranquila em João Pessoa
Nair Bello, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo estão sentadas no sofá do Jô. “Vocês estão numa forma (física) espetacular”, elogia o apresentador. Nair não perde a chance de fazer deliciosa autoironia. “É que você não viu a gente sem roupa.”
Este trecho exemplifica o quanto foi especial a entrevista com o trio, em 7 de abril de 2000, no início da primeira temporada do ‘Programa do Jô’ na Globo.
Mais de duas décadas depois, aquele encontro festivo viralizou na internet após a morte do apresentador, aos 84 anos, em 5 de agosto. Quem viu, ri de novo – e as novas gerações gargalham junto.
Nair morreu em abril de 2007, poucos dias antes de completar 76 anos. Havia ficado meses em coma na UTI em decorrência de uma parada respiratória.
Hebe partiu em setembro de 2012, aos 83 anos, por complicações de um câncer de peritônio.
Lolita, felizmente, continua entre nós. Está com 93 anos. Aposentou-se da TV em 2009, depois de participar da novela das 21h ‘Viver a Vida’.
Trocou São Paulo por João Pessoa, na Paraíba, onde vive sob os cuidados da única filha, a médica Silvia Rodrigues.
Fragilizada por problemas de saúde relacionados à idade, a atriz raramente sai de casa e não concede entrevistas.
O registro mais recente foi uma foto divulgada em fevereiro de 2021, quando ela foi vacinada contra a covid-19.
A artista apareceu com belos cabelos brancos, aqueles hipnotizantes olhos azuis e um sorriso de Monalisa.
Filha de espanhóis, Lolita nasceu Sylvia Gonçalves em 10 de março de 1929, em Santos, litoral paulista.
Em 18 de setembro de 1950, aos 21 anos, fez parte de um momento histórico: a chegada da televisão no Brasil.
Ela substituiu a amiga Hebe na cerimônia de lançamento da TV Tupi, onde cantou o Hino da Televisão.
Ao lado do marido, Airton Rodrigues (1922-1993) apresentou programas de sucesso como o ‘Almoço com as Estrelas’, que reunia famosos em torno de um banquete para bater papo.
Como atriz, Lolita participou de produções importantes, a exemplo da primeira telenovela diária, ‘2-5499 Ocupado’ (1963), além de ‘As Pupilas do Senhor Reitor’ (1970) e ‘O Direito de Nascer’ (1978).
Duas personagens conquistaram especial simpatia do público: a feirante espanhola Aldonza (mãe de Tancinha/Claudia Raia) de ‘Sassaricando’ (1987) e a cozinheira Lena (empregada de Laurinha Figueiroa/Gloria Menezes) de ‘Rainha da Sucata’ (1990).
A artista sempre conciliou a personalidade forte com a doçura no trato com os colegas de profissão, os fãs e a imprensa. Merece receber homenagens em vida.