CASO DANIEL ALVES: Começa julgamento de acusado de estupro

Preso preventivamente após ser acusado de estupro contra uma mulher de 23 anos, em uma boate em Barcelona, na Espanha, no final de 2022, o lateral Daniel Alves começa a ser julgado nesta segunda-feira, 5. Serão três dias de depoimentos perante o Tribunal Provincial de Barcelona.

Para esta segunda, estão previstos os depoimentos da suposta vítima, além de testemunhas, como uma amiga da mulher que o denunciou e um familiar. Representantes do Ministério Público, da acusação e defesa do atleta também devem falar nesta sessão, que começou às 6h30 (horário de Brasília). Alves deve falar somente no último dia.

De acordo com o jornal La Vanguadia, a mãe do jogador chegou um pouco antes do julgamento começar. Enquanto isso, ele aguardava no subsolo do tribunal. Por volta das 6h30, ele foi levado até a corte, o que deu início à sessão, o que significa que não houve acordo entre as partes.

A advogada de Alves, Inés Guardiola, denuncia que seu cliente teve seu direito de defesa violado, pois houve uma investigação de 15 dias “unilateral”, e sem o conhecimento do jogador. “Ele foi vítima de inquérito policial sem o conhecimento do cidadão e sem possibilidade de se defender”, declarou.

A defesa também ressaltou que tivesse sido informada da denúncia desde o início, poderia ter sido realizado o teste do bafômetro. A representante também exigiu a suspensão do julgamento oral considerando que o juiz de instrução não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.

Inés também apreesentou mais de 450 extratos “que comprovam vazamentos com informações parciais que levam à condenação” de seu cliente. “O juiz de instrução foi contaminado pela imprensa e deve levar à anulação e à liberdade”, que ele só teria sido ouvido pela corte duas vezes, e não cinco, como foi veiculado. Ela também argumenta que foi publicado que Joana Sanz, esposa do atleta, pediu o divórcio e “nunca foi assim”.

Diante das falas da advogada, o procurador de Barcelona censurou que a defesa de Alves tenha relatado ter sofrido “um julgamento paralelo” e lembra que “a atitude da vítima foi criticada e a sua imagem chegou mesmo a ser divulgada”.

Depois de cerca de 1h30 de julgamento, houve uma pausa de meia hora.

A previsão é de que nesta terça, 6, Joana Sanz, esposa do jogador na época, também preste depoimento. Já Daniel Alves, deve depor somente na quarta-feira, último dia do julgamento, após o pedido de sua advogada.

Versão da vítima

Um biombo foi instalado como uma medida de proteção para a vítima, para que ela não tivesse contato com o jogador. Ela depôs por cerca de 1h15, e relatou que estava com um grupo de amigos no local, quando eles foram convidados para uma área VIP da boate, e um garçom os levou até a mesa em que estava o jogador.  A jovem alega que não o reconheceu, e que o grupo que estava com ele o apresentou.

De acordo com o ge, a jovem contou também que os dois dançaram juntos, até que Daniel Alves “levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada”, e depois, ele pediu à ela para segui-lo até uma porta, momento em que ela se deu conta de que era um banheiro.

Ela ainda alega que tentou sair, mas foi impedida. O brasileiro a teria penetrado com violência, até ejacular. Após o abuso, ele teria deixado o banheiro primeiro. Ao sair do local, ela contou à uma amiga, e a segurança da boate foi informada, mas o lateral já havia deixado a casa noturna. Ela foi encaminhada a um hospital e dois dias depois, fez a denúncia à polícia. Os exames encontraram o DNA de Daniel Alves.

A voz da jovem foi mudada para preservar sua identidade. A defesa da mulher que acusa Daniel Alves pediu condenação de 12 anos de prisão.

Outras testemunhas

Na sequência, uma amiga da vítima, identificada como Ana Matallana, foi ouvida. Ela disse que viu o jogador se aproximando da denunciante, “com a mesma atitude pegajosa” com que ele teria se aproximado dela. De acordo com o ge, ela relata ainda que viu a amiga tensa, e percebeu o momento em que os dois foram até uma porta, mas depois, os perdeu de vista.

Ana chorava muito, e também relatou que a vítima não quis fazer a denúncia, por medo que ninguém acreditasse nela, mas foi convencida pela amiga. “Não confia mais em ninguém”, disse a jovem ao mencionar que a vida da denunciante mudou.

Ainda em depoimento, ela declarou que logo após o ocorrido, ela não soube detalhadamente o que ocorreu, mas como sim como ficou com um ferimento no joelho, quando Daniel Alves supostamente a jogou no chão. O ferimento também foi declarado na denúncia.

Inés questionou Ana sobre a foto que mostra o ferimento dos joelhos da amiga, tirada por ela, que responde não lembrar se é a mesma imagem entregue à polícia.

Entenda o caso

No dia 30 de dezembro de 2022, segundo os relatos publicados pela imprensa espanhol, a vítima foi convidada por Daniel Alves para entrar em uma área VIP de uma boate em Barcelona. No espaço reservado, a mulher conheceu o lateral brasileiro e os dois dançaram juntos. De acordo com os jornais, a denunciante relatou que o jogador “levou várias vezes a mão dela até seu órgão íntimo, que ela retirou assustada”. Depois disso, os dois teriam entrado em um banheiro, onde o crime teria ocorrido.

A mulher teria tentado deixar o banheiro, mas foi impedida pelo agressor. De acordo com o relato, o jogador deixou o banheiro antes da vítima após ter penetrado de maneira violenta até ejacular. A mulher teria saído depois e contado o que aconteceu a uma amiga.

Após o ocorrido, a vítima teria ido imediatamente a um hospital para fazer exames. Dois dias depois, os resultados constataram DNA de Daniel Alves nos testes feitos pela jovem.

A Justiça espanhola ordenou a prisão do atleta depois de ouvir depoimentos contraditórios do brasileiro. Ao longo da investigação, o ex-Barcelona apresentou diferentes versões sobre o caso. Na última delas, admitiu que teve relações sexuais com a acusadora, mas afirmou que isso aconteceu de forma consensual.

Inicialmente, Daniel Alves foi preso no Centro Penitenciário Brians I, mas foi transferido para o Brians II três dias depois da detenção. A cadeia fica localizada no município Sant Esteve Sesrovires, a 40 km de Barcelona. O lateral trocou de representantes durante a investigação – o advogado que defendia o brasileiro alegou que o caso “estava perdido”. A juíza do caso entende que o processo tem provas suficientes para a condenação do jogador.

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