FAKE NEWS: Vacinados contra covid-19 não são detectados por Bluetooth

Mais uma fake news envolvendo a vacinação contra a covid-19 se espalhou pelas redes sociais e grupos do WhatsApp. Após a falsa alegação de que a vacina implanta um chip magnético no corpo humano, a história agora é a de que pessoas que tomaram a segunda dose passaram a receber e a emitir dados via Bluetooth.

Em um vídeo que circula pelas redes, um homem diz que pessoas que receberam o imunizante estão se conectando à rede de wi-fi e sendo detectadas por aparelhos que possuem a tecnologia. Ele ainda pede para quem tiver dúvidas fazer um teste: olhar nos dispositivos, já que eles mostrariam algumas pessoas “marcadas”.

Tudo não passa de fake news. Se já foi vacinado(a), você não vai sair aparecendo como uma opção nas caixas de som dos vizinhos. “Isso é uma daquelas lendas urbanas, algo completamente impossível”, explica Vivaldo José Breternitz, professor de inteligência artificial da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“A única forma de se gerar uma mínima interferência no Bluetooth seria através da implantação de um chip no corpo humano, o que obviamente não é possível se fazer quando se vacina. Isso é absolutamente não verdadeiro, não existe chip líquido. É um dos maiores absurdos que ouvi nos últimos tempos”, DIZ Vivaldo José Breternitz, professor do Mackenzie

Mário Alexandre Guarizzo, professor da Universidade Federal do ABC e da USP (Universidade de São Paulo), acrescenta que o Bluetooth e o RFID (o protocolo dos chips) são tecnologias distintas.

Enquanto o segundo necessita de uma frequência específica constante para funcionar, o primeiro fica trocando de frequência o tempo todo para evitar ruídos com outros equipamentos. Por conta disso, os chips, supostamente implantados no corpo humano com a vacina, não conseguiriam estabelecer uma conexão Bluetooth.

“A tecnologia não pode de maneira alguma conversar com chips no corpo, justamente porque o Bluetooth tem esse comportamento de pular frequência. É como se fosse um rádio que você ouve só uma frequência, ou seja, você não ajusta e ele ficaria sempre na mesma estação”, diz ele.

Sobre o teste sugerido no vídeo, no qual as pessoas apareceriam como opção em dispositivos, Guarizzo diz ser “totalmente impossível”. “Tenho um chip [implantado] na minha mão e nunca causei interferência em minha caixa de som”, ressalta o professor.

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