Honda inaugura fábrica de Itirapina em busca de produtividade

Planta mais moderna está pronta desde 2015 e recebeu investimentos de R$ 1 bilhão

Em busca de mais produtividade e custos menores de sua operação industrial no Brasil, a Honda fez a inauguração oficial de sua fábrica de Itirapina (SP) na quarta-feira, 27. O investimento de R$ 1 bilhão feito na segunda linha de fabricação de automóveis da marca japonesa no País foi anunciado em 2013 e a planta ficou pronta no fim de 2015, com obras de construção civil terminadas e equipamentos instalados, mas com a abrupta queda do mercado brasileiro a empresa tomou a inusitada decisão de congelar os planos, deixou tudo pronto e parado até um mês atrás, quando a produção comercial foi iniciada – após três anos em que apenas 35 funcionários cuidavam da manutenção dos equipamentos e ligavam as máquinas duas vezes por semana, sem produzir nada.

Há cerca de um ano a Honda tomou a decisão de iniciar a operação em Itirapina com a transferência gradual, de 2019 a 2021, da produção de todos os carros nacionais da marca, até então produzidos somente em Sumaré, também no interior paulista, distante cerca de 100 km da nova fábrica. O primeiro modelo a ser transferido para a linha de Itirapina é o hatch compacto Fit, que está sendo produzido desde o fim de fevereiro em um turno, ao ritmo de 90 unidades/dia por 450 empregados, que também vieram de Sumaré. No segundo semestre chega o SUV compacto WR-V e o total de funcionários deve alcançar mil pessoas. A chegada do SUV médio compacto HR-V está prevista para 2020, devendo ser seguido pelo sedã compacto City e, por último, virá o Civic – único montado sobre plataforma maior, diferente dos demais.

Issao Mizogushi, presidente da Honda South America, explica que começar a produção com carros já conhecidos “reduz os riscos de problemas de qualidade que costumam acontecer em novas fábricas, pois já são produtos conhecidos”. Segundo ele, a operação não envolve novas contratações, pois o plano é transferir para Itirapina cerca de 2 mil funcionários que trabalham na linha de automóveis de Sumaré – 90% deles já aceitaram o pacote de benefícios oferecidos para se mudar com a família.

Outros mil devem permanecer na antiga unidade, inaugurada em 1997, onde será mantida a sede administrativa sul-americana da empresa e as áreas de motores (fundição, usinagem e montagem), injeção de plástico (produz painéis e outras peças plásticas), ferramentaria, engenharia, pesquisa e desenvolvimento. A intenção é desafogar Sumaré, que hoje opera no topo de capacidade sem possibilidade de novas expansões, ao contrário de Itirapina, com amplos espaços ainda vazios que sugerem futuras ampliações.

“Em Itirapina vamos aumentar nossa eficiência de produção com a introdução de novas tecnologias e equipamentos mais modernos. Temos aqui mais flexibilidade para atender as demandas de nossos clientes e oferecer produtos diversificados”, afirmou Issao Mizogushi em seu discurso de inauguração da fábrica.

O executivo destacou que no momento não há necessidade de aumentar a produção no Brasil. Sumaré tem capacidade nominal de produzir 120 mil veículos/ano em dois turnos, igual a Itirapina. Com horas extras, a Honda fez 138 mil carros em 2018 e no pico da demanda em 2016 chegou a 150 mil. “O mercado parou de cair, mas não está crescendo muito. Nossa decisão de transferir a produção para Itirapina é para produzir o mesmo volume, mas com custos menores e mais competitividade”, explica Mizogushi.

Até 2021, a linha de Sumaré permanece em operação paralela com Itirapina. Mas após esse período de transição a linha antiga não será desmontada, ficará desativada com todos os equipamentos lá. Caso o mercado cresça muito mais do que a Honda prevê, portanto, existe a possibilidade de manter a produção de algum modelo em Sumaré – talvez a plataforma maior do Civic, último na agenda de transferências.

FÁBRICA AMPLA E MODERNA

Itirapina já abriga todas as operações industriais de uma grande fábrica de veículos, em terreno de 5,8 milhões de metros quadrados e área construída de 138 mil m2, com estamparia, solda, pintura e montagem final. Existem muitos espaços completamente vazios ainda, que sugerem que a capacidade poderia ser dobrada sem necessidade de novas construções.

A Honda obteve ganhos expressivos de produtividade em todas as áreas. Na estamparia, apenas uma linha de três prensas (uma de 1,6 mil toneladas e duas de 1 mil cada uma), com três batidas, faz uma lateral inteira. Até 2020 todos os ferramentais (moldes) serão feitos no Brasil, na recém-inaugurada ferramentaria de Sumaré.

Na área de armação de carrocerias (soldagem) a maioria das operações foi automatizada. Os 73 robôs, mais modernos, são 30% mais rápidos que os de Sumaré. Na cabine de pintura seis robôs executam a maior parte da cobertura externa, usando tinta especialmente formulada para a Honda, que elimina uma camada do processo e reduz em 60% as emissões de gases voláteis.

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