MAIS NOVOS E MAIS GASTÕES: Carros da linha 2024 aumentaram o consumo médio de combustível segundo o Inmetro

A mais recente atualização do ranking do PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que informa o consumo médio de combustível dos veículos novos comercializados no Brasil, já traz os dados referentes à linha 2024 de alguns modelos.

Chama a atenção que alguns veículos 2024 apresentam uma elevação no gasto de combustível, que é medido em MJ/km (megajoules por quilômetro), na comparação com a mesma versão, com motor e câmbio idênticos, da linha 2023.

O Volkswagen Nivus Comfortline 2024, por exemplo, tem, de acordo com o Inmetro, consumo médio de 1,68 MJ/km, contra 1,66 MJ/km da linha 2023. Ambos trazem sob o capô o mesmíssimo motor 1.0 TSI turbo flex, acoplado à transmissão automática de seis marchas.

O mesmo acontece com o Peugeot 208 Like: o gasto médio de combustível na linha 2024 é de 1,47 MJ/km, ante 1,37 MJ/km do modelo 2023 – vale destacar que, quanto mais alto o número, maior é o consumo.

Outro exemplo: o Chevrolet Onix LT 2024 aparece com média de 1,46 MJ/km, ante 1,45 MJ/km da mesma versão, na linha 2023, do hatch compacto.

Diferentemente de 2022, quando os motores de muitos veículos precisaram ser recalibrados ou retirados de linha para atender os novos limites de emissões de poluentes do Proconve L7 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), o mesmo não acontecerá em 2024. Então, qual é a razão para aumento no consumo?

Na verdade, apesar dos números maiores, nada ou muito pouco mudou relação ao gasto de combustível dos modelos citados – eventualmente, alguns podem ter elevado minimamente o consumo devido à adição de algum equipamento de série, mas o aumento seria irrelevante.

Segundo João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios para a América do Sul da Stellantis, dona da Peugeot, a explicação é muito mais simples do que pode parecer.

O executivo explica que essa variação está relacionada à homologação obrigatória dos veículos quanto aos respectivos consumo e emissões, necessária para que possam ser comercializados no Brasil.

Conforme Medeiros, o Peugeot 208 Like, por exemplo, não teve elevação no gasto de combustível na linha 2024.

“Para agilizar o processo, passamos a fazer uma única homologação para diferentes versões de um mesmo modelo de veículo. A legislação permite fazer isso, desde que essas versões estejam dentro de um determinado limite de peso e tenham igual motorização. Contudo, nesse caso, a unificação considera o pior consumo dentre essas versões”, explica João Irineu.

No caso específico do Peugeot 208, prossegue, a versão Like passou a trazer no PBEV o consumo médio da configuração Style, que é mais equipada – portanto, mais pesada. Também traz rodas e pneus maiores, outro fator que eleva o gasto de combustível.

Dessa forma, diz o executivo, o 208 Like 2024 mantém o consumo de 1,37 MJ/km, mas exibe no ranking do Inmetro a média de 1,47 MJ/km da configuração Style.

“Só na Stellantis, tivemos neste ano mais de 90 modelos e versões para homologar. Assim, unificar as homologações, dentro das regras, foi a saída que encontramos. Na prática, nada mudou para o consumidor”.

O que dizem as outras montadoras

Procurada para comentar o aumento no consumo médio do Onix LT, a General Motors diz, por meio de nota, que, devido ao Proconve L7, “evoluções tecnológicas foram aplicadas aos modelos Onix e Onix Plus neste sentido e que elas não influenciam na performance do veículo. Durante a recertificação, no entanto, podem ocorrer pequenas variações, que são permitidas e inerentes às alterações das condições no momento dos testes físicos”.

Quanto à variação no consumo do Nivus e do T-Cross, que também apresentou pequena alta no consumo na linha 2024 segundo o Inmetro, a Volkswagen afirma que “os valores ligeiramente maiores para os exemplos indicados estão associados a variações normais provenientes do processo de medição e homologação dos veículos. Ou seja, na prática, os valores de consumo aferidos pelos clientes não devem sofrer alterações significativas”

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