Médico italiano é preso sob suspeita de ter matado pacientes com sintomas graves de Covid-19
Em março, quando a Itália sofria com a superlotação dos hospitais e o alto número de novos casos de Covid-19 daquela que ficou registrada como a primeira onda da doença no país, enfermeiros de um hospital estraram as ações de um médico responsável pelo pronto socorro. O médico que trabalhava no hospital de Montichiari, na província de Bréscia, no norte do país aplicava doses mortais de medicamentos em pacientes que apresentavam sintomas graves da Covid-19.
Na última segunda-feira o médico Carlo Angelo Mosca recebeu ordem de prisão preventiva domiciliar sob suspeita de ter causado a morte de pacientes utilizando o anestésico propofol e o bloqueador neuromuscular succinilcolina.
Ele foi interrogado por duas horas e meia no Tribunal de Bréscia. Ele negou as acusações e, segundo seus advogados, deu esclarecimentos. Pouco antes das 10h, o médico chegou andando sozinho e foi cercado por jornalistas e câmeras, a quem se limitou a dizer, em voz baixa: “Sou inocente”.
No entanto, a juíza Angela Corvi, que aceitou o pedido do Ministério Público para a prisão domiciliar, justificou sua decisão dizendo reconhecer “graves indícios” de que Mosca cometeu homicídio doloso qualificado em ao menos dois pacientes. A investigação, que começou em maio, levantou evidências de que as mortes de Natale Bassi, 61, e Angelo Paletti, 79, foram causadas pelas doses fatais aplicadas pelo médico entre 20 e 22 de março.
A investigação teve como ponto de partida a denúncia anônima de um dos enfermeiros, no fim de abril. Em princípio, foram alistadas quatro vítimas. Três corpos foram exumados -o quarto paciente foi cremado.
Assim que a prisão preventiva foi decretada, Mosca foi suspenso de suas funções. Em nota, a administração do hospital classificou as acusações como graves e disse que está colaborando com as autoridades. A Ordem dos Médicos da Província de Bréscia ressalta que “se trata de uma investigação, não de uma sentença” e que, embora muito grave, é ainda uma “hipótese de crime”.