POLÊMICO E CANDIDATO: Jornalista que falou em ‘matar um monte de judeus’ quer ser senador

O jornalista e ex-comentarista político José Carlos Bernardi afirmou via redes sociais que é pré-candidato ao Senado pelo PTB em São Paulo. Ele causou polêmica em novembro do ano passado, ao dizer na rádio Jovem Pan que o Brasil poderia enriquecer com a morte de judeus e a apropriação do poder econômico deles.

“Após um tempo de jejum e oração, buscando a direção de Deus, venho comunicar que sou pré-candidato ao Senado por SP”, escreveu Bernardi. Ele completou a mensagem com o bordão usado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL): “Deus, Família, Pátria e Liberdade”.

Após a repercussão negativa de sua fala, Bernardi foi desligado da Jovem Pan e exonerado do cargo de assessor no gabinete da Alesp (Assembleia Legislativa de SP).

Na ocasião, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo), por meio do Gecradi (Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância), instaurou um procedimento para apurar eventual cometimento de “crime de ódio por intermédio de meios de comunicação”, caracterizando antissemitismo, por conta de comentário feito pelo jornalista.

Críticas a Datena

Ontem, Bernardi criticou o apresentador José Luiz Datena, também pré-candidato ao Senado (PSC), dizendo que ele não representa a direita. “Sigo firme com a minha pré-candidatura ao Senado. Precisamos consolidar um nome que defenda nossos valores”.

Datena não é visto como um conservador confiável por parte dos apoiadores do presidente Bolsonaro. Em mensagem nas redes sociais, Bernardi insinuou que Datena é “comunista”.

“Datena foi filiado ao PT, entre 1992 e 2015, são 23 anos, além disso, tem um quadro do Che Guevara pendurado na sala da sua casa. Datena representa tudo aquilo que nós conservadores repudiamos.”

Relembre a fala de Bernardi

Em novembro do ano passado, o jornalista e ex-comentarista José Carlos Bernardi comentou sobre o desenvolvimento da Alemanha em discussão com a jornalista Amanda Klein na Jovem Pan News.

“Quem dera o Brasil chegar aos pés do desenvolvimento alemão”, disse ela durante o debate.

Bernardi respondeu dizendo que a Alemanha ficou rica por matar e assaltar judeus após a Segunda Guerra Mundial.

Este é o país que você defende. É só assaltar todos os judeus que a gente consegue chegar lá. Se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles, o Brasil enriquece. Foi o que aconteceu com a Alemanha após a guerra. José Carlos Bernardi

Amanda Klein também se posicionou sobre as declarações do colega em publicação no Twitter. “Na hora eu não ouvi direito. Ele me interrompia bastante. Quero manifestar meu mais profundo repúdio ao negacionismo histórico e à abjeta associação entre o holocausto e motivações econômicas”, afirmou a jornalista.

O comentário considerado antissemita também foi rebatido por Samy Dana, analista econômico da Jovem Pan.

Ele destacou que o desenvolvimento econômico alemão após a Segunda Guerra Mundial não tem relação com a morte dos judeus. “O país foi alvo de pesados investimentos americanos”, apontou o economista.

Segundo publicação da emissora alemã Deutsche Welle em 2019, a recuperação econômica após a guerra priorizava ideias contrárias ao nazismo. O objetivo foi “constituir um estado democrático que lutava contra outras ideologias fascistas e reacionárias” mesmo separada em dois territórios (a divisão em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental permaneceu até novembro de 1989, com a queda do muro de Berlim).

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