NADA DE POUPANÇA: 6 investimentos para ganhar dinheiro com a alta dos juros
Especialistas apontaram seis ativos que o investidor pode ter na carteira se quiser aproveitar a alta dos juros e a perspectiva de que eles continuarão subindo pelos próximos meses. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa do mercado é de que a Selic alcance os 8,25% ao ano ainda em 2021. Veja abaixo quais são os investimentos que se beneficiam desse aumento. Não, a poupança não faz parte da lista.
Investimentos de renda fixa se favorecem com o aumento dos juros
Mauro Calil, professor e fundador da Academia do Dinheiro, diz que os principais beneficiados neste momento de alta de juros são os investimentos da renda fixa pós-fixada e atrelada à Selic e ao CDI.
“CDBs pós-fixados, fundos DI que têm títulos atrelados ao CDI, além de LCI e LCA tendem a ter uma rentabilidade aumentada por conta do aumento das taxas de juros”, afirma o professor. .
“Tudo o que é atrelado à Selic terá um aumento direto diário”, diz Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa da Spiti.
Como a Selic é utilizada pelo Banco Central para tentar conter a inflação, a expectativa é de que ela siga em alta pelo menos até a metade do ano que vem, diz o especialista.
“No meu ponto de vista, uma Selic a 6,25% ao ano não é suficiente para trazer expectativa da inflação para 2022 para a meta do Banco Central, que é de 3,5%. Ou seja, a taxa Selic precisa continuar subindo”, diz.
Os investimentos pós-fixados acompanham a alta de juros. Se os juros subirem a quase 10%, como já mostram algumas projeções, a rentabilidade vai acompanhar essa alta. Analistas do Credit Suisse já apontam para uma Selic de 9,75% no começo do ano que vem.
1. CDB pós-fixado
O rendimento do CDB pós-fixado e atrelado ao CDI, por exemplo, será calculado apenas na retirada, levando em conta a média das variações do CDI ao longo do tempo. Vale lembrar que o índice do CDI acompanha de perto a taxa de juros.
CDBs que pagam 100% do CDI, por exemplo, serão equivalentes à oscilação da Selic durante o período. Já os CDBs que pagam 130% do CDI, pagam a taxa Selic e mais 30% dela.
Nesse exemplo, esse CDB que paga 130% do CDI renderia ao investidor, ao final de um ano, 8,12% (taxa Selic + 30% dela), sem o desconto do Imposto de Renda que incide em CDBs. Nesse tipo de investimento, quanto maior a taxa Selic, maior é o rendimento para o investidor.
2. Fundos DI
Os fundos DI, atrelados ao CDI, seguem a mesma lógica, mas eles possuem diferentes classes de CDBs.
É importante, nesses casos, estar atento aos CDBs que compõem o fundo – se oferecem rentabilidade superior a 100% do CDI – e às taxas de administração do fundo, que se foram muito altas acabam corroendo a rentabilidade do investimento.
3 e 4. LCI e LCA
As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) são semelhantes ao CDB, mas têm o benefício de serem isentas de Imposto de Renda. Para saber se o melhor é apostar num CDB ou em letras é preciso ver quanto rendem em relação ao CDI.
Se o CDB for mais vantajoso à primeira vista, ainda é preciso levar em conta o desconto do IR para saber se, no fim das contas, ele é realmente a melhor opção em relação às letras de crédito.
Já existem plataformas, como o app Renda Fixa, em que você consegue comparar a rentabilidade dos CDBs e letras para saber qual é mais vantajoso.
5. Tesouro Selic
A alta da taxa básica de juros favorece também o Tesouro Selic, título mais popular do Tesouro Direto. Assim como os CDBs que rendem o CDI, o Tesouro Selic acompanha a taxa de juros. Se ela sobe, ele rende mais.
No caso do título, a vantagem é que a liquidez é diária —ou seja, o investidor pode retirar o dinheiro no momento em que quiser e sem perdas.
6. Tesouro Prefixado
Já os títulos prefixados não acompanham diretamente a subida da Selic, mas também se beneficiam dela. Como nesse caso os juros são prefixados no momento da compra dos títulos, para serem atrativos para o investidor, é preciso aumentar o prêmio, ou seja, os juros pagos no vencimento.
É por isso que os títulos prefixados do Tesouro Direto já pagam mais de 10% ao ano.
Aqui, é preciso cuidado: ao investir em um prefixado, o investidor está apostando na queda da Selic. Se ele compra hoje um título que rende 10% ao ano, mas em 2022 os juros sobem mais do que isso, ele não fez uma boa aposta. Agora, se a taxa Selic não alcançar esses 10% e começar a cair, o investidor fez uma boa aposta.
Ainda assim, esse investimento é mais interessante do que os pós-fixados, avalia Gustavo Raposo, CEO da Leve, fintech de assistência financeira e de investimentos.
“Enquanto os juros continuarem subindo, o título prefixado sofre um pouco, mas sabemos que a longo prazo a tendência é a curva fechar”, diz o executivo. Isso quer dizer que a tendência com o tempo é a redução dos juros depois de um ciclo de alta. Nesse caso, quem conseguiu um prefixado que paga dois dígitos de juros, sai no lucro com a queda da Selic.
Prefixados x pós-fixados na alta da Selic
Cadonhotto também coloca os prefixados em destaque. Ele avalia que o cenário mais provável é que os investimentos prefixados mais vantajosos continuem superando os investimentos pós-fixados, mesmo diante de um cenário de Selic a 10,25% até maio do ano que vem. Ele projetou um ritmo de subida de 1 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom, mais 0,5 ponto percentual em março e em maio.
“Se a Selic permanecesse nesse patamar, de 10,25%, até o final de 2023, os prefixados de curto prazo ainda continuariam sendo mais interessantes por uma pequena diferença”, diz Cadonhotto.
“Não é porque a taxa Selic vai subir que os ativos prefixados estão desfavoráveis. O melhor a se fazer é diversificar”, diz o especialista. Para ele, pelos próximos anos, o ideal é manter uma parte maior de títulos prefixados.
O cenário que poderia colocar os pós-fixados como mais vantajosos são de juros de mais de 11% ao ano, diz Cadonhotto.
“Se o cenário do investidor é de uma Selic acima deste patamar, aí a maior parcela tem que ficar em ativos pós-fixados. Neste caso, não é só com a renda fixa que o investidor tem que ficar atento, mas com todos os ativos da carteira”, afirma.