Pai atrasou pensão? Mãe não pode expôr nas redes sociais sob perigo de aumentar prejuízo – ENTENDA
A jornalista Cris Dias voltou a usar as redes sociais para cobrar o pagamento da pensão de seu filho ao ex-marido, o ator Thiago Rodrigues, na última semana. A medida adotada por ela também já serviu outras personalidades, como a atriz Luana Piovani, que hoje briga judicialmente com o surfista Pedro Scooby, e a influenciadora digital Amanda Campello .
Essa última repercutiu nos perfis do Instagram, também na semana passada, quando relatou que o dinheiro transferido pelo ex, o youtuber Sharkão, não cobria as despesas básicas da criança. Os dois iniciaram uma disputa nas redes sociais, com prints e versões sobre o gasto dos recursos.
Para a advogada Camila Rufato Duarte, tal exposição possui duas perspectivas. De um lado, pode ser empoderadora para as mulheres. “Isso é importante pra que a sociedade tire esse véu do romantismo sobre a paternidade, que muitas vezes os pais, de fato, não têm responsabilidade, sobrecarregam as mães, não têm mesmo a decência de cumprir o seu papel com aquela criança”, avalia a advogada, especialista em Direitos das Mulheres e idealizadora e responsável pela página Direito Dela (@direito.dela).
Do outro, Camila pondera que há riscos, sim, para as ações movidas pelas mulheres. São casos em que o genitor aproveita para alegar alienação parental ou que a mãe pretende destruir a imagem pública dele.
Por conta disso, a também advogada Ticiana Didres, especialista em Direito das Mulheres e Direito das Famílias, é ainda mais incisiva quanto a essas exposições. Para ela, trata-se de uma atitude que “não é nada benéfica, muito pelo contrário, pode gerar danos irreparáveis”. “Expor na internet jamais será a solução, compreendo que muitas mulheres fazem isso no intuito de ‘desabafar’ e até mesmo fazer cair a máscara de bom pai, mas esse não é o melhor caminho e pode sim prejudicar muito o andamento das ações judiciais”, condena.
Violência contra a mulher
No caso de mulheres como Cris Dias, que já têm um acordo judicial, os sucessivos atrasos no pagamento de pensão podem ser compreendidos como mais uma forma de violência. É o que ressalta Camila Rufato Duarte, que também destaca como violência as decisões que visam cercear o direito dessas mulheres falarem sobre suas dores. Luana Piovani, por exemplo, afirma que está com uma “mordaça” na boca após expor Scooby na internet.
“A meu ver, é completamente ilegal porque você está silenciando a mulher. É uma forma de operacionalizar o silenciamento feminino em mais uma vertente, no caso, através do judiciário”, critica.
Ainda que aponte a legalidade dessas medidas, Ticiana também condena as proibições, que classifica como “violência processual”. Essa tipificação se refere ao uso do Direito para perseguir e deslegitimar as mulheres na via judicial em questão.
