Policiais civis investigados por desviar 29 fuzis apresentaram só dois como saldo de operação

Os dois fuzis apresentados por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) como saldo de uma operação realizada em 17 de julho deste ano, no Complexo da Penha, faziam parte dos 31 recebidos como propina em troca da liberação de um suspeito ligado a uma facção criminosa preso pela especializada. Posteriormente, o armamento foi revendido a uma quadrilha rival. Na época, o resultado da chamada Operação Torniquete foi divulgado no site da instituição. Pelo menos quatro policiais da especializada são acusados pela Justiça de terem desviado 29 dos 31 fuzis. Juan Felipe Alves da Silva, ex-chefe do setor de investigações da DRFC, Renan Macedo Guimarães, Alexandre Barbosa Amazonas e Eduardo Macedo de Carvalho foram presos durante uma operação deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público do Rio, nesta quinta-feira. Os quatro ainda são investigados pela PF por suspeita de tráfico de 16 toneladas de maconha que estavam em um caminhão, apreendido pelos agentes, e liberado posteriormente junto com o motorista do veículo.

Além dos dois fuzis, a DRFC apreendeu 200 quilos de maconha e 20 quilos de pasta base de cocaína encontrados, segundo a delegacia, numa casa abandonada na Vila Cruzeiro. Segundo o texto publicado no site da instituição, o material foi avaliado em R$ 1 milhão e o objetivo da ação era diminuir os índices de roubos de cargas e de veículos no estado.

Polícia Civil divulgou no site da instituição a apreensão de dois fuzis durante ação da DRFC no Complexo da Penha — Foto: Reprodução

Os fuzis teriam sido entregues aos quatro agentes da DRFC como parte dos R$ 500 mil exigidos pelos agentes como pagamento para liberação do integrante da facção criminosa. Como não receberam o valor integral exigido, em um momento posterior, o quarteto teria arrecadado os 31 fuzis, vendendo a maioria das armas para um bando rival.

Nomeada de Operação Drake, a investigação deflagrada pela Polícia Federal remete ao pirata e corsário inglês Francis Drake que saqueava caravelas que transportavam material roubado e se julgava isento de culpa em razão da origem ilícita dos bens.

A investigação, que culminou na operação desta quinta-feira, teve início com ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal com a PF. Em agosto deste ano, duas viaturas ostensivas da DRFC abordaram um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com 16 toneladas de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio de um advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina.

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