
Protegido pelos muros da Granja Santana, João não sente na pele a insegurança e defasagem de 5,6 mil policiais civis na PB
A segurança pública na Paraíba está em colapso, e o Governo do Estado finge que não vê. O recente levantamento do Ministério Público revela o que qualquer cidadão já sente na pele: a Polícia Civil está sucateada, desmotivada e com um déficit absurdo de 5,6 mil policiais. Isso significa que, dos 7.925 profissionais que deveriam estar nas delegacias, apenas 2.289 estão em atividade. E o resultado disso? Mais crimes sem solução, mais impunidade, mais medo. A polícia iniciou o ano de 2025 protestando, pedindo por melhoria salarial e mais estrutura para trabalhar, mas a categoria segue sendo ignorada pelo governo. Corremos o risco iminente de vivermos uma greve das forças de segurança na Paraíba.
E o pior: essa constatação da defasagem chega às vésperas do Carnaval, quando a violência urbana atinge picos alarmantes de roubos e homicídios. Quem já foi ao bloco Virgens de Tambaú ou às Muriçocas do Miramar, em João Pessoa, sabe que os furtos e roubos de celulares, carteiras e até carros disparam nessa época. O cidadão registra o boletim de ocorrência, mas onde estão os policiais civis para investigar? Com um efetivo que mal cobre 30% do necessário, fica claro que não há estrutura para combater a criminalidade.
Mas esse problema não se resume ao Carnaval. A Grande João Pessoa vive uma crise de homicídios há mais de um ano. Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, João Pessoa, Conde, Alhandra – os números são alarmantes. São famílias destruídas e um sistema policial incapaz de dar uma resposta à altura. A defasagem não impacta apenas os furtos e roubos do período carnavalesco, mas a resolução de crimes graves como assassinatos e latrocínios. Hoje, apenas 42% dos homicídios na Paraíba são solucionados. Mais da metade dos assassinos seguem impunes.
A situação da Polícia Civil é ainda pior quando lembramos que esses profissionais já recebem os piores salários do país. E não é só a Civil que sofre: a Polícia Militar e a Polícia Penal também enfrentam um cenário de abandono. A diferença é que, enquanto os militares estão nas ruas e os penais dentro dos presídios, são os policiais civis que carregam a responsabilidade de investigar, identificar criminosos e desmontar organizações criminosas. Como fazer isso sem gente suficiente? Sem estrutura? Sem valorização?
Enquanto isso, o governador João Azevêdo (PSB) vive cercado por seguranças na Granja Santana, protegido por cercas, câmeras e mais policiais à disposição dele que a maioria dos municípios do estado pode contar. Quando sai às ruas, está acompanhado de escolta armada. A insegurança que o povo enfrenta diariamente não faz parte da sua realidade. Ele não sabe o que é sair de casa sem saber se volta, não sente o medo de andar pelas ruas escuras ou de depender de uma polícia que não tem condições de trabalhar.
O Ministério Público fez sua parte e entrou com uma ação civil pública exigindo que o Estado convoque os candidatos aprovados no último concurso para que, pelo menos, parte desse rombo seja preenchido. Mas não basta apenas convocar alguns concursados. O governo precisa assumir sua responsabilidade, investir pesado na segurança pública e parar de tratar os policiais, e a população, com tanto descaso.
A segurança não pode ser privilégio de quem tem escolta armada e muros altos. O cidadão comum merece viver sem medo. E para isso, precisamos de uma polícia forte, estruturada e valorizada.
Até quando o Governo do Estado vai fechar os olhos para a insegurança que a Paraíba vive?