QUEM PODERÁ NOS DEFENDER? Trabalhadores da imprensa aguardam posicionamento da AMIDI em meio a crise

Os profissionais sempre contam com representantes que os auxiliam a defender seus interesses.

No caso dos profissionais de comunicação da Paraíba, principalmente os que trabalham com portais, a defesa se faz facultativa num momento de crise.

Enfrentando problemas como o constante atraso de pagamentos por parte de governos, os sites, portais e blogs já tinham que equilibrar o orçamento em diversos momentos. Nessa frágil existência, um golpe fatal pode “fechar as portas” de diversos veículos de imprensa.

Esse golpe é a exigência das certidões negativas por parte do Tribunal de Contas da Paraíba em um momento de pandemia. A exigência pegou todos de surpresa pois foi imposta sem prévio aviso.

Com uma representação forte, a situação poderia ser contornada, para atender as exigências do TCE e garantir que a mídia digital tenha tempo de se adequar sem precisar causar mais desemprego.

Infelizmente a Associação de Mídias Digitais da Paraíba (Amidi), que tem como presidente o jornalista Heron Cid, escolheu se manter calada durante a grave crise enfrentada pela categoria. Os profissionais de imprensa estão se mobilizando para garantir empregos e o sustento de inúmeras famílias já afetadas pela crise.

Vale ressaltar que no grave momento da pandemia, nem ao menos a garantia de ter profissionais da imprensa incluídos nos grupos prioritários foi aventado pela entidade.

Confira abaixo a carta aberta escrita pelo jornalista Dércio Alcântara, encaminhada ao TCE:

A Corte de Contas do Estado tem neste instante, em mãos, os destinos de centenas de empresas de Comunicação. E de milhares de empregos de jornalistas e demais operadores das engrenagens que produzem informações e entretenimento.

Em um momento de crise aguda, com a taxa de desemprego recorde na casa dos 16 por cento, a decisão do TCE de exigir certidões negativas de todas as empresas do setor (ainda que seja uma ação justa do ponto de vista fiscal), representa praticamente uma pá de cal em um segmento tão importante para a Paraíba.

A pandemia, que vitimou e vitima tantos de nós, também fez estragos profundos na saúde financeira das empresas de comunicação.

Estamos, desafortunadamente, inseridos na porção econômica mais danificada pela guerra sanitária (ainda em curso).

Tentando sobreviver, mesmo com nossos organismos orçamentários combalidos pelas restrições e inseguranças que o Coronavírus nos impôs. E segue impondo.

Diante desse contexto, nos resta um apelo direto, humilde e expositor de nossas fragilidades à sensibilidade dos integrantes do TCE, centrados na figura dos digníssimos conselheiros Fábio Nogueira e Fernando Catão – profundos conhecedores dos bastidores econômicos do Estado e do esforço que os agentes geradores de emprego e renda (entre os quais estamos inclusos) empreendem para sobreviver em qualquer tempo – mas especialmente neste momento.

O nosso apelo não é por perdão. Mas pela misericórdia de prazos mais elásticos, para que possamos honrar nossos compromissos fiscais.

Um hiato que nos encontrará, com fé em Deus e em nossa capacidade de trabalho – mais fortes no próximo exercício fiscal. Viabilizando a adequação às exigências (justas, reconhecemos) da Corte de Contas.

Esse apelo está sintonizado com decisões recentes do ente federal que, antenado com as dificuldades do momento, apoiou regime de parcelamento especial (o Refis), já aprovado no Senado Federal.

Essa modulação em âmbito local garantirá – repetimos – a manutenção de milhares de empregos e a sobrevivência das empresas de comunicação.

Sem a necessária vênia, o que se desenha no horizonte é uma verdadeira tragédia econômica, com empresas quebrando, cambaleando, fechando centenas de postos de trabalho e dispensando seus colaboradores sem conseguir sequer honrar o salário do último mês trabalhado.

E é exatamente este cenário que acontecerá nos próximos dias na Paraíba se o Tribunal de Contas do Estado não flexibilizar e conceder novo prazo para a apresentação de certidões negativas das empresas de comunicação que prestam serviços ao Governo do Estado, prefeituras, câmaras e Assembleia.

Desde o dia 1 de agosto que nenhuma emissora de rádio, TV, portais, blogs, gráficas, empresa de outdoor, busdoor, produtoras de áudio, vídeo e agências recebem pagamento público na Paraíba e assim, solidariamente e respeitando a decisão do TCE, todos caminham de mãos dadas para o caos.

Um desastre que certamente será evitado pela sensibilidade dos conselheiros do Tribunal de Contas.

Essa é nossa fé. E esperança.

Dércio Alcântara

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