Relato de paraibana sobre tráfico humano vira alerta para mulheres: ‘Me abordaram no aeroporto’

Em um vídeo postado no TikTok, a empresária e paraibana Mariana Barreto, 30, compartilhou um alerta com todas mulheres sobre uma suposta abordagem de tráfico sexual no aeroporto de Lisboa, em Portugal. Ela estava viajando com a mãe e, quando chegou ao local, ficou sozinha por alguns instantes, até que um casal se aproximou e perguntou se ela estava desacompanhada. “Ela começou a conversar comigo, com uma abordagem do nada e perguntou se eu estava viajando sozinha e chegou a elogiar meus dentes”, lembra.

Depois da postagem, que já conta com mais de 18 mil curtidas e pouco mais de 250 mil visualizações, outras mulheres relataram nos comentários que já sofreram abordagens parecidas ou que conhecem, pelo menos, uma pessoa que tenha passado por algum tipo de tráfico sexual ou promessa de mudança de vida e, ao chegar no destino, teve o passaporte retido e passou por situações de trabalhos escravos ou prostituição.

Mariana afirma que só não caiu no golpe ou esteve mais em risco devido o seu conhecimento sobre esses casos, já que cursou Relações Internacionais na universidade e tinha um pouco de noção sobre abordagens desse tipo. “Se eu não fosse uma pessoa esclarecida, já que mantive uma atitude em me fechar, teria caído. Quando alguém está em situação de vulnerabilidade, buscando emprego, com certeza poderia cair. O que me salvou foi a minha formação”, diz a Universa.

Atenção nos aeroportos

Não é incomum que aliciadores escolham pessoas em situação de vulnerabilidade para agir em crimes internacionais. O público alvo são sempre crianças, mulheres ou pessoas de classe baixa.

Para isso, os aeroportos são os locais ideais para que o crime ocorra. Dessa forma, é importante ficar atenta sempre com as suas malas e documentos, principalmente se estiver sozinha ou somente em um grupo de mulheres. “O aeroporto é uma área de risco e deve-se ficar atento ao tipo de abordagem. Se chegar alguém dizendo coisas como você é muito bonita, vamos fazer um trabalho. Não dá para acreditar em muitas promessas”, afirma a advogada Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional, professora da Ambra University e do curso de Relações Internacionais e direito da Unicuritiba.

Mariana também fez uma outra postagem com um conteúdo alertando mulheres sobre os perigos dos aeroportos e como se comportar no local, principalmente em viagens solo e intercâmbios. “Os aeroportos são rotas de tráfego humano e também de tráfico de pessoas e drogas. As pessoas acham que nunca acontece com elas”, disse ela no vídeo. “Como tenho um perfil latino, sempre fico atenta. Viajar não é brincadeira e é preciso atenção”, reforçou.

Como ocorre e o que é tráfico humano

O tráfico humano nunca vem sozinho e sempre está atrelado a uma rede. Ele é considerado um crime e por causa disso, precisou ser criado um documento chamado Protocolo de Palermo, que é um texto adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial mulheres e crianças.

O tráfico humano pode ser dividido em três tipos: ato, meio e propósito. No primeiro tipo, ocorre o recrutamento, alojamento e acolhimento das pessoas.

Já no meio, o tráfico se dá por meio de ameaça, uso da força, fraude e abuso de poder. “Mulheres são iscas fáceis. Quando a pessoa sabe que está sendo traficada já é tarde”, ressalta Caneparo.

Por último, o propósito pode ser para prostituição, trabalho escravo e serviço ou remoção de órgãos.”O tráfico mais comum é o tráfico interno. Temos problemas com o tráfico no Brasil. No caso da exploração sexual, há mais casos da América Latina para Europa Ocidental ou do Leste Europeu para Europa ocidental. Para fins de trabalho forçado, da África para o Oriente Médio e da Ásia para o Oriente Médio, principalmente para construção civil e setor petrolífero”, explica a advogada.

Dicas de segurança para não ser uma vítima

Geralmente, a pessoa não precisa saber ou não percebe que foi traficada. Quando o crime ocorre, o consentimento da vítima não é necessário. Por isso é fundamental alguns cuidados para fugir desses tipos de crime. Veja abaixo:

  • Desconfie de promessas tentadoras, ofertas de trabalhos com valores exorbitantes e oportunidades de vida melhor para você e sua família. “A fraude também é uma contextualização”, reforça a especialista da Ambra University.
  • Não acredite em promessas com ofertas luxuosas, principalmente amorosas, em aplicativos e sites de relacionamento. Duvide de proposta de viagens, dinheiro e outros benefícios;
  • Faça uma pesquisa de mercado, quando a oferta for de emprego. Pesquise valores, reputação da empresa e serviços. Quando há um dinheiro muito discrepante, há chances de ser um golpe ou tráfico humano.
  • Procure nomes de empresas e pessoas que trabalham lá. Busque no Facebook, Linkedin e outras redes sociais. Tente entrar em contato com alguma delas;
  • Nunca entregue seu passaporte a ninguém desconhecido e somente ao agente alfandegário ou companhias aéreas, principalmente se o documento for brasileiro. “O passaporte brasileiro é o de maior valia no mercado internacional”, reforça a especialista.
  • Tenha anotado o telefone da embaixada e consulado brasileiros em um local de segurança. Guarde junto com com dinheiro ou em um lugar que só você saiba;
  • Compartilhe sua localização, nome do hostel ou hotel com algum familiar, principalmente se está viajando sozinha ou em um grupo só de mulheres;
  • Se for seguida, tente voltar para o hotel ou hostel e troque de roupa e acessórios;
  • -Tenha atenção em países ditos “perigosos”. “Não é porque são estereotipados. Turquia e Iêmen, por exemplo, são estados centros de transporte de órgãos. São dois grandes centros de excelência desse tipo de tráfico”, destaca Caneparo.
  • Não dê suas malas para pessoas estranhas em aeroportos, passeios ou em outro locais;
  • Não compre ou aceite carona em transportes clandestinos, principalmente em aeroportos. Opte por empresas de ônibus registradas, assim com carros de aplicativos e táxis;
  • Não diga que está viajando sozinha. Fale sempre que está acompanhada ou esperando alguém chegar.
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