Fiocruz aponta que Brasil enfrenta maior crise sanitária de sua história

Mortes na fila por um leito de UTI, falta de insumos e funerárias sem férias. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o país passa pela maior crise sanitária e hospitalar da história.

Pacientes morrem na fila à espera de um leito de UTI, hospitais alertam para a falta de insumos e até mesmo as funerárias falam em cancelar as férias de funcionários

Leitos de UTI

Em São Paulo, estado que tem a maior estrutura hospitalar do país, antes do fim de março, morreram pelo menos 135 pessoas à espera de uma vaga na UTI.

Entre as vítimas, há um menino de três anos e uma jovem de 25, no interior do estado. Mas as cidades com maior registro de mortes na fila da UTI estão na Grande São Paulo.

Profissional de saúde trata paciente com Covid em UTI do Hospital São Paulo, em São Paulo, no dia 17 de março — Foto: Amanda Perobelli/Reuters/Arquivo

No Paraná, o número foi ainda maior: foram 500 mortos aguardando a disponibilidade de leitos de UTI e enfermaria, segundo o governo do estado. Até sexta-feira (19), 1.196 paranaenses aguardavam por uma vaga.

“Nós vamos ter diferentes situações no Brasil”, diz Vecina. “Alguns vão conseguir controlar, outros não. Sem isolamento, a única saída seria aumentar o número de leitos, mas é muito difícil acertar a demanda.”

Professor da Universidade de Duke (EUA), o neurocientista Miguel Nicolelis disse em entrevista ao jornal “O Globo” que, antes de se esgotar, uma taxa de ocupação de 90% dos leitos de UTI já é preocupante.

Falha no abastecimento de oxigênio

Outras situações críticas têm sido verificadas pelo Brasil. No Rio Grande do Sul, pelo menos seis pessoas morreram depois de uma falha no fornecimento de oxigênio, segundo o governo do estado.

Um hospital da Região Metropolitana de Porto Alegre registrou “instabilidade na distribuição do oxigênio” por cerca de 30 minutos.

Todos os pacientes tinham Covid-19, mas a instituição diz não ser possível determinar se as pessoas morreram pela falta do oxigênio. No momento da falha, 26 pessoas recebiam ventilação mecânica.

Na maior cidade do país, dez pacientes precisaram ser transferidos com urgência depois de um problema no fornecimento de oxigênio durante a madrugada deste sábado.

Segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo, houve atraso na entrega do gás e, por conta disso, o município “transferiu pacientes por segurança”, mas o fornecimento já foi normalizado.

Faltam caixões, funerárias sem férias

Por conta do alto número de mortes – apenas na última semana, foram mais de 2 mil a cada dia – as funerárias vêm encontrando problemas com a possível falta de materiais para a produção de caixões.

A Associação dos Fabricantes de Urnas do Brasil (Afub) disse que aumentou sua produção em 20% neste ano, mas vem enfrentando dificuldades para comprar matéria-prima – madeira serrada e compensada.

G1

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