Trabalhadores reclamam de atraso da Caixa no pagamento dos R$ 1.000 do FGTS

O arquiteto Wellington Costa, 44, está aguardando o saque extraordinário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mas a data de saque já foi alterada pela Caixa três vezes.

De acordo com o calendário do banco, o dinheiro deveria ter sido depositado em maio, mês em que ele nasceu —os saques seguem o mês de nascimento do trabalhador.

Na primeira consulta, Costa viu que tinha direito a R$ 1.000, valor que seria creditado em 14 de maio. Ao não receber na data informada, começou a acompanhar mais de perto. Primeiro, a data passou de 14 de maio para 1º de junho, depois, para 8 de junho e, na última atualização, foi para 15 de junho.

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Segundo a Caixa, o dinheiro cai em contas abertas automaticamente em nome de cada trabalhador no aplicativo Caixa Tem. Mas a conta de Costa não existe. Quando ele tenta criá-la, não consegue completar a solicitação.

“Meus dados são atuais, já que eu tenho um relacionamento constante com a Caixa. Sou cliente do banco e tenho financiamento imobiliário com eles. Mesmo assim, tento fazer o cadastro no Caixa Tem e não consigo a liberação”, afirma.

O saque da professora Maria Fernanda Correia de Lima, 31, também está atrasado. Lima nasceu em fevereiro e, pelo calendário, deveria receber em 30 de abril. Mas, quando entra no aplicativo, a data de saque é 8 de junho.

“Fiz o cadastro no Caixa Tem e demorou bastante para eu conseguir. Ficou dando erro, e tive que refazer o mesmo processo várias vezes até dar certo”, afirma.

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Caixa atribui adiamento a problemas cadastrais

A Caixa disse que alguns saques podem ser adiados em relação ao calendário oficial, como no caso de trabalhadores que precisam confirmar ou atualizar dados cadastrais.

Dependendo de quando essas atualizações são feitas, a Caixa diz que não dá tempo de realizar o pagamento na data prevista.

O banco, porém, não notifica previamente os trabalhadores para solicitar a atualização do cadastro. Eles só descobrem o problema ao entrar no aplicativo.

Em nota, a Caixa disse que, “caso o crédito do saque extraordinário não seja disponibilizado de forma automática, o trabalhador deverá acessar o App FGTS, no menu ‘Saque Extraordinário’, confirmar/complementar os dados cadastrais e clicar em ‘Solicitar Saque” para liberação do valor'”.

A Caixa afirma que, normalmente, as pessoas que precisam atualizar dados são aquelas que estão com CPF irregular, que têm alguma marcação de falecimento no cadastro, bloqueios, entre outros.

A reportagem questionou quantas vezes a data de saque pode ser alterada, mas não obteve resposta.

Sobre o caso específico de Costa, que relata não conseguir criar uma conta no Caixa Tem, a Caixa disse, por telefone, que provavelmente se trata de um caso pontual e que seria necessário investigar. A reportagem enviou os dados do arquiteto para o banco, mas não obteve nova resposta até a publicação deste texto.

Como resolver a situação?

O primeiro passo é identificar se você precisa atualizar os dados cadastrais. Se for o caso, basta entrar no aplicativo FGTS (disponível na Google Play ou App Store) e seguir o passo a passo indicado pela Caixa:

  • clique em “saque extraordinário”
  • vá em “confirmar/complementar dados cadastrais”
  • escolha “solicitar saque”

Depois disso, a Caixa vai informar a nova data de crédito. O dinheiro é depositado em uma poupança digital social aberta automaticamente pelo banco.

Agora, se o caso for mais complexo, como mudanças de datas ou dificuldade para acessar o Caixa Tem, a orientação é entrar em contato com a Caixa pelos telefones 4004-0104 (para capitais e regiões metropolitanas) e o 0800 104 0104 (para demais regiões).

Registrar reclamação

Ione Amorim, coordenadora do programa de serviços financeiros do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), diz que “a Caixa, como principal banco de fomento de políticas sociais, é responsável pelo cumprimento da legislação, atualização de cadastro e zelo pelas informações e pagamentos de acordo com o aniversário do trabalhador”.

Se o consumidor tiver dificuldade de resolver o problema com o seu saque, a orientação é registrar uma reclamação em um órgão oficial.

“O consumidor pode e deve registrar a reclamação no SAC/Ouvidoria, nos Procons, no site consumidor.gov.br e no Banco Central para ter a resposta sobre o descumprimento de prazo e as condições que estão resultado no atraso, bem como prazo para a correção e efetivação do pagamento”, afirma.

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