Vacina da AstraZeneca não aumenta risco de trombose, diz EMA

No entanto, agência recomendou inclusão de aviso na bula

A agência de medicamentos da União Europeia (EMA) confirmou nesta quinta-feira (18) que a vacina anti-Covid da Universidade de Oxford e da AstraZeneca não está associada ao aumento no risco de casos de trombose e embolia, suspeita que levou à paralisação do uso do imunizante em mais da metade dos países do bloco.

Em coletiva de imprensa transmitida pela internet, a diretora da EMA, Emer Cooke, declarou que o comitê científico da agência chegou à “clara conclusão” de que a vacina é “segura, eficaz e benéfica em proteger as pessoas contra a Covid-19”.

“O comitê também concluiu que a vacina não está associada a um aumento no risco geral de eventos tromboembólicos e de coágulos sanguíneos”, acrescentou Cooke.

O surgimento de casos severos ligados a coágulos em pessoas recém-vacinas levou diversos países da UE, como Itália, Alemanha, França e Espanha, a suspenderem o uso da fórmula da AstraZeneca, embora a EMA e a Organização Mundial da Saúde (OMS) sempre tenham defendido sua continuidade.

No entanto, segundo Cooke, houve um “pequeno número de casos raros e incomuns, mas muito sérios, de problemas de coagulação”. A análise de exames laboratoriais, relatórios clínicos e dados de autópsia não conseguiu descartar “de forma definitiva” uma relação entre esses eventos e a vacina.

Por isso, a EMA recomendou o aumento da vigilância sobre esses “possíveis riscos”, pedindo que eles sejam incluídos na bula do produto. “Também estamos lançando investigações adicionais para entender melhor esses casos raros”, declarou a diretora.

Aprofundamento

Os eventos que continuarão sob monitoramento da EMA apresentaram uma associação de trombose, trombocitopenia (baixo nível de plaquetas) e sangramento.

Alguns desses eventos tiveram surgimento de múltiplos coágulos em vasos sanguíneos do sétimo ao 14º dia após a vacinação, uma condição chamada “coagulação intravascular disseminada”.

Em outros casos, os coágulos se desenvolveram em vasos que drenam sangue do cérebro, condição definida como “trombose cerebral da cavidade venosa”. No entanto, a presidente do Comitê de Avaliação de Risco Farmacológico da EMA, Sabine Straus, reiterou que a proporção de eventos tromboembólicos no grupo vacinado é menor do que o esperado na população geral.

“Esses eventos são raros”, disse. Até a noite de quarta-feira (17), haviam sido registrados sete casos de coagulação intravascular disseminada e 18 de trombose cerebral da cavidade venosa em um grupo de 20 milhões de vacinados. Todos os anos, cerca de 1,7 milhão de pessoas morrem na União Europeia em função de doenças no sistema circulatório, incluindo trombose e embolia.

Com o parecer da EMA, a tarefa das agências sanitárias dos países europeus agora será reconstruir a confiança na vacina da AstraZeneca, que já era vista com ressalvas em parte da população do bloco em função das restrições iniciais para idosos em alguns países.

A França já anunciou a retomada do uso do imunizante, e os outros Estados-membros que o haviam paralisado devem seguir pelo mesmo caminho.

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