‘ARROZ DE FESTA DE ESCÂNDALOS’: Romero Rodrigues é envolvido nas maiores investigações de corrupção da Paraíba e acumula ‘currículo negativo’

O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, se for envolvido em mais uma operação, já poderá pedir música no Fantástico. Ironias à parte, o campinense responderá por seu envolvimento com dois grandes escândalos da Paraíba: a Operação Calvário e a Operação Famintos.

O “currículo” negativo de Romero pode fechar importantes portas políticas, já que a ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra o ex-gestor no âmbito da Operação Calvário que foi enviada nessa quarta (27) para apuração da Justiça Eleitoral. Além da citação de Romero como réu na ‘Calvário’, o mesmo teve sua gestão em Campina alvo da ‘Operação Famintos’, onde a Polícia Federal investiga fraudes em licitações para a distribuição da merenda escolar em Campina Grande que teria causado desde 2013 contratos sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões.

Romero na Calvário

Sobre o envolvimento de Romero na Operação Calvário, a decisão foi tomada pelo juiz Alexandre José Gonçalves Trineto, da 1ª Vara Criminal de Campina Grande. A acusação contra Romero diz respeito à campanha eleitoral de 2012 quando ele disputava a prefeitura da Rainha da Borborema e teria recebido o que o MP chamou de “adiantamento de propinas” para manter e potencializar as operações do modelo de gestão terceirizada em órgãos municipais.

O magistrado entendeu que as acusações contra Romero feitas pelo Ministério Público atribuem a ele a prática do crime de falsidade ideológica eleitoral, o conhecido “caixa dois” eleitoral, previsto no Código Eleitoral. “(…) Declino da competência para a Justiça Eleitoral, determinado a remessa dos autos à Justiça Eleitoral desta cidade de Campina Grande”, assinalou o juiz,

A ação em questão aponta que teria sido montado um cenário para a inserção da Cruz Vermelha do Brasil – filial do Rio Grande do Sul para gerir as estruturas do ISEA (Instituto de Saúde Elpídio de Almeida) e Hospital Municipal Pedro I. “Desta forma, pelo que se apurou durante as investigações, o modelo corrupto de gestão pública seria internalizado no município de Campina Grande após prévio pagamento de propina no valor de R$ 150 mil”. A acusação reconhece que o contrato da prefeitura com a Cruz Vermelha não chegou a ser firmado, mas assegura que o repasse foi feito sendo parte ao próprio Romero e outra ao advogado Jovino Machado.

Ainda segundo o MP, o acordo só não foi posto em prática porque houve o rompimento do grupo político de Cássio Cunha Lima – onde estava Romero Rodrigues – com o então governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, a quem a Cruz Vermelha estava ligada por causa da gestão terceirizada de instituições do Estado como o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.

Romero na Famintos

A ‘Operação Famintos’, desencadeada pela PF, que descobriu a atuação de uma ORCRIM – Organização Criminosa com fraudes milionárias na Prefeitura de Campina Grande, na ex-gestão do prefeito Romero Rodrigues, onde se desviava dinheiro da merenda escolar que seria destinada às crianças e jovens das creches e escolas da rede municipal de ensino em Campina. Tal operação já teve cinco fases deflagradas pela Polícia Federal. Onde já se investigou inclusive parentes do prefeito como sua prima a ex-diretora administrativa da Educação, Maria do Socorro Menezes de Melo e sua ex-cunhada Iolanda Barbosa que era a secretária de Educação e foi presa pela PF, numa das fases da operação.

Entenda as fases da ‘Operação Famintos’ que investiga a gestão de Romero

A operação que já teve cinco fases, na mais recente, objetivo, assim como a quarta, foi arrecadar elementos indicativos de crimes de corrupção ativa, por parte de empresários, e de corrupção passiva, por parte de servidores públicos municipais. Nesta quinta fase a operação contou com a participação de 16 policiais federais. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Campina Grande, após manifestação favorável do Ministério Público Federal (MPF).

Primeira fase

A primeira fase da Operação Famintos foi deflagrada no dia 24 de julho de 2019, com o cumprimento de 67 mandados de busca e apreensão em órgãos públicos e nas residências, escritórios e empresas dos investigados, além de 17 mandados de prisão. “Como as investigações na primeira fase da operação já revelaram que havia dois tipos de contratação de merenda escolar, a centralizada, que seria o fornecimento de alimentos para creches, e a descentralizada, que seria para as mais de 100 escolas municipais de Campina Grande, essa 2ª fase foi com foco nesse contratação descentralizada”, explicou Raoni Aguiar, lotado na inteligência da Polícia Federal na Paraíba.

Segunda fase

Na segunda etapa, quando o vereador Renan Maracajá foi preso, a operação teve como objetivo ampliar a desarticulação do núcleo empresarial da organização criminosa, responsável pela criação de “empresas de fachada”, utilizando-se de pessoas que tinham consciência de suas situações na condição de “laranjas”. No dia 19 de setembro de 2019, a Justiça mandou soltar o vereador Renan Maracajá (PSDC). A decisão de conceder habeas corpus ao vereador foi da terceira turma do Tribunal Regional Federal, em Recife.

Terceira fase

Na terceira fase, foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, um de prisão temporárias e três de busca e apreensão. O objetivo da terceira fase é dar continuidade às investigações para combater fraudes em licitações, superfaturamento de contratos administrativos, corrupção e organização criminosa.

Quarta fase

Na quarta fase, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em residências de Campina Grande. O objetivo da quarta fase foi iniciar a arrecadação elementos indicativos de crimes de corrupção ativa, por parte de empresários, e de corrupção passiva, por parte de servidores públicos do município de Campina Grande.

A indagação que fica é o governador irá querer trazer na pessoa de Romero Rodrigues para seu palanque dois dos maiores casos de corrupção já investigados na Paraíba que são a ‘Operação Calvário’ e a ‘Operação Famintos’.

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo