Especialistas recomendam cautela com os gastos de Natal

Família reunida, banquete, troca de presentes – é o Natal. Apesar da alegria, tem o dia seguinte, no qual chegam boletos e fatura de cartão de crédito cobrando a conta da festa. É quando tudo pode ficar indigesto, quando o exagero nas compras estoura o orçamento e o dinheiro em caixa não é o bastante para saldar a dívida. Resultado: nome no Serasa, no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), renegociação com a administradora de cartão. Mas dá para escapar sem cair na armadilha do gasto sem provisão.

Consultamos um especialista para dar dicas de como o consumidor deve fazer para continuar com as finanças em dia, apesar dos gastos habituais desta época do ano. Para o professor de finanças da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Bolívar Godinho, o que se deve fazer é um balanço do que é preciso.
“A primeira coisa é que a pessoa tem que identificar é aquilo efetivamente necessário. Não se deve fazer compras por impulso e ainda deve-se realizar um balanço na família de quem precisa de presentes. E estipular um valor para isso”, recomenda.
O professor ressalta que as recentes liberações do FGTS para quem nasceu em setembro e outubro, além do 13° salário, devem ser priorizados para despesas do início do ano seguinte, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o material escolar.
E quais os perigos que as dívidas trazem? Segundo Bolívar, a pior é a privação do poder de compra. “O endividamento excessivo vem de diversos problemas. Um deles é o gasto com juros, elevados em sua maioria. Outro problema: hoje, a pessoa está empregada e se endividando, mas e se um dia perder o emprego, como vai pagar as despesas, sobretudo as fixas?”

Média de gastos

A pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, neste final de ano, o gasto médio domiciliar com produtos alimentícios no Natal vai girar em torno de R$ 225, indica também uma recuperação da economia. Tal quantia, se comparada com 2015, quando começou a recessão que ainda abala o país, revela que o consumidor está cauteloso e pouco disposto a sair muito do orçamento. Naquele ano, o gasto médio ficou em quase R$ 220.
De acordo com o levantamento da CNC, entre as unidades da federação, São Paulo (R$ 287,31), Paraná (R$ 266,13), Rio Grande do Sul (R$ 264,75) e Rio de Janeiro (R$ 257,50) são as que indicam maiores gastos médios das famílias neste Natal. O Distrito Federal vem em sexto lugar, com R$ 205,30.
O economista sênior da CNC, Fábio Bentes, explica “que esse é o melhor resultado de gastos com produtos da ceia desde o início da recessão”.  “Fatores importantes que estão ajudando o comportamento dos preços são inflação e taxas de juros baixas. O aumento (no valor do gasto médio) é bom, porque aumenta o consumo e gira a economia”.
Bentes aponta, ainda, as liberações do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o 13º salário como fator de crescimento do consumo. “Amplia o orçamento das famílias”.
Lissa Broas, de 59 anos, coordenadora pedagógica de uma escola de inglês, afirmou que gastará mais do que a média nacional. “Vou gastar muito mais, minha família é grande demais.Tudo que compro para ceia é em dobro. A batata, castanha e o chester, por exemplo, são em dobro para dar para todos”, explica, acrescentando que não tem medo de se endividar, pois se considera precavida.
A pensionista Marilde Souza Cidade, de 71 anos, segue a linha de Lissa. “Não vou gastar mais do que essa média, porque está tudo muito caro. Vou comprar realmente o necessário”, garante, reclamando dos preços do chester e do bacalhau. “Isso prejudica a minha pensão e acabo tendo que restringir muita coisa para conseguir pagar as contas de água, luz e telefone”.
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