Líder supremo do Irã descarta negociar com os EUA

'Negociar significa mostrar o sucesso da política norte-americana de pressão', escreveu o aitolá Ali Khamenei. Ataque contra petroleira saudita, atribuído pelos EUA ao Irã, aumentou a tensão entre os dois países

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, descartou na madrugada desta terça-feira (17) qualquer possibilidade de negociação com os Estados Unidos. A declaração do iraniano acontece no momento em que o presidente Donald Trump afirma estar disposto a ter uma reunião com seu colega iraniano, mas ameaça Teerã por causa de um ataque a uma petroleira saudita.

“É uma opinião unânime de todos os responsáveis pela República Islâmica do Irã. Não haverá negociação com os EUA”, afirmou Khamenei em sua página oficial na internet.

No Twitter, o aiatolá explicou a razão de não aceitar falar com os norte-americanos. “Negociar com os EUA significa imposições das demandas deles sobre o Irã. Negociar significa mostrar o sucesso da política norte-americana de pressão. É por isso que não negociaremos, bilateralmente ou multilateralmente”, escreveu.

Khamenei afirmou ainda que só voltaria a conversar com os EUA se o tema do encontro fosse o acordo nuclear de 2015 sobre o programa nuclear iraniano. Em 2018, cumprindo sua promessa de campanha, Trump retirou os Estados Unidos do tratado multilateral, firmado pelo seu antecessor, Barack Obama, e voltou a impor sanções contra o país. Elas tinham sido suspensas em troca de o Irã restringir seu programa nuclear.

A possibilidade de um encontro entre dois líderes aconteceria durante a Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no fim de setembro.

Ataque na Arábia Saudita

A tensão entre Irã e Estados Unidos aumentou após o ataque que a atingiu duas instalações da maior petroleira do mundo, a Aramco, na Arábia Saudita, no sábado. Rebeldes iemenitas houthis, que são apoiados pelo Irã na guerra do Iêmen, reivindicaram a responsabilidade pela ação. Porém, o regime iraniano nega envolvimento com o incidente.

O chefe secretário de Estado americano, Mike Pompeo, logo atribuiu o ataque ao Irã. Inicialmente, Trump não citou diretamente o país, mas disse que o seu país não descartava uma resposta militar. Mais tarde, Trump deu a entender que o ataque poderia ser uma iniciativa iraniana.

“Não quero guerra com ninguém (…) Certamente gostaríamos de evitá-la”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca ao ser perguntado sobre um possível conflito bélico entre os EUA e o Irã.

O rival regional do Irã, a Arábia Saudita, disse que os ataques foram realizados com armas iranianas.

Desde 2015, a Arábia Saudita lidera uma coalização internacional que apoia o governo iemenita e ataca os houthis. Em retaliação, esses rebeldes têm feito vários bombardeios fronteiriços com mísseis e drones contra bases aéreas sauditas e outras instalações no país.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e países ocidentais acusam Teerã de fornecer armas ao grupo, algo que o governo iraniano nega.

O ataque fez a produção de petróleo da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, cair pela metade e elevou os preços do produto em todo o mundo. Entenda aqui os possíveis impactos.

Com informações do G1

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